terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Palavras e expressões que dominaram 2018

Palavras e expressões que estiveram no topo, em 2018, pela repetição ou pelo impacto que causaram. Os vários eventos ocorridos, ao longo do ano, motivaram a comunicação por meio dos canais da mídia, redes sociais ou pela conversa, às vezes acalorada, entre as pessoas. Tivemos, entre outros, a Copa de Futebol da Rússia, o prosseguimento da Lava-Jato, as decisões judiciais de repercussão, os Campeonatos de futebol e as eleições em vários níveis. Isso já basta para termos assunto. 
As palavras têm papel infinito nas nossas vidas. A palavra atua na linguagem escrita e na falada, sendo, respectivamente, agrupamento de letras ou de sons. Elas conduzem as ideias e falam por nós, representando-nos. 
As palavras surfam em ondas, de acordo com a moda. Há épocas, porém, que caem em desuso, e, até, podem retornar à tona, mais tarde. Dependem do que está em voga na ocasião. Exemplo: “boko-moko” (gíria do início dos anos 1970, que dizem saiu da junção de “bocó” e “mocorongo”), que tem como significado “brega”, “cafona”, “de mau gosto”, “esquisito”, etc. 
Mas, durante o ano, algumas palavras tiveram destaque, pontuaram no cardápio: 
Sem o menor medo de errar, aqui no Brasil, em 2018, foi “fake news” a expressão mais divulgada, em constante circulação pelos meios de comunicação, que fizeram ressonância do que transcorria nos bastidores das redes sociais. 
No exterior, "justiça" foi o verbete mais procurado no Merriam-Webster, um dos dicionários, da Língua Inglesa, mais populares do mundo, que a concedeu o título de a "Palavra do ano" de 2018. As pessoas buscaram pela palavra com uma frequência 74% maior do que no ano anterior, segundo Meghan Lunghi, porta-voz do site do Merriam-Webster, o dicionário mais confiável dos Estados Unidos da América. (fonte: g1.globo.com) 
“Desinformação” andou lado a lado com “fake news”, temos que concordar, pois a primeira gerou grande parte do que ponteou a segunda. “Informar-se” passou a ser a tônica, para não gerar a “fake news”. Corriqueiro foi lançar mão da palavra “democracia”, principalmente no clima eleitoral. Uns reafirmando-a a todo o tempo. Outros com receio de ela dissipar-se. Outros, ainda, afirmando em forte tom que ela jamais será arranhada.
“Livre” esteve nos movimentos de reivindicação e de cobrança. Foi palavra de ordem em muitos discursos e passeatas. 
No contraponto das duas últimas palavras acima, está “fascismo”. Palavra que campeou no período pré-eleitoral, e ainda se faz presente, mesmo depois do encerramento das eleições. Fascismo é terrível, pois tem a pecha de representar o autoritarismo, excessivo rigor para a sociedade, exceção, etc. Porém, imparcialmente, devemos observar que não havia nem há fundamento para temer tal situação.
Usou-se e abusou-se de “O universo conspira”, e, em consequência, surgiu a pergunta: “conspira a favor ou contra?”. Os estudiosos da Língua opinam pela existência dos dois tipos de conspiração, dependendo do sentido. Foi atingido o consenso de que conspiração pode ser a favor ou contra. 
“Tragédia anunciada” transitou à farta pela mídia, indicando que o ocorrido havia sido previsto ou tinha toda a pinta que aconteceria, e quem deveria ter se preparado não o fez, causando danos a terceiros. 
“Viralizar” foi um verbo utilizado à exaustão, tanto que andou em nossas bocas. O curioso é que alguns fizeram força para que viralizasse e outros usaram todas as armas para evitar a propagação e o escândalo. “Empoderamento” passou a constar da pauta dos discursistas. Frequentemente, ligado à ascensão da mulher, no trabalho, na sociedade, no esporte, etc. Embora exista no dicionário Aurélio, usar a palavra/substantivo “poder” parece ser mais simples. Mas “empoderamento” foi outra palavra que praticou o surf nestes últimos tempos, esteve na crista da onda. 
Na autoajuda, “sair da zona de conforto” virou recomendação corriqueira, para dar força, criar reação contra a mesmice, contra a situação de acomodação, criando novas perspectivas. 
“Direitos Humanos” estiveram de boca em boca. Foram reivindicados por muita gente. Mas nunca foram ameaçados. A propósito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) fez 70 anos, em dezembro de 2018. Em seus 30 artigos, a DUDH descreve os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todas as pessoas, sem fazer distinção alguma. A Declaração Universal expressa direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, tendo como princípios gerais a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência. 
“Pleno” é um adjetivo que indica estar total, realizado, feliz, dono do pedaço. Como é bom termos a sensação da plenitude! 
“Resiliência” fez parte da maioria dos conselhos do fim de 2018, para o Ano Novo que chegava. Figurinha fácil no Instagran e no Facebook. Por isso, ficou para o final da nossa lista. Emprega-se a palavra, inicialmente, no sentido de empenho para restabelecer o nosso estado normal, e, como consequência, assume as características de insistir, resistir, derrotar as adversidades, dar tudo de si, e assim vai... 
Em 2019, poderá haver o uso em abundância destas palavras, expressões e verbo, no que resultará em cenário colorido, mesmo que em alguns casos não representem coisas tão boas. Vale estar atento ao sadio modismo, transando gestos e palavras que indiquem um momento do tempo, com as suas preferências e referências. 

Alfredo Domingos