terça-feira, 28 de novembro de 2017

Juro que vi!


Juro que vi!

O casal agarrado.

- E daí? Indaga você, desdenhando.

Vamos, então, em sua homenagem, retirar o pano do mistério.

Desfile de carnaval. Não o da Sapucaí, mas o da Gaspar de Lemos, aqui da vizinhança. Menos badalado, mas com a mesma euforia carnavalesca.

A furiosa mandando bem, cheia de mestres da música, cumprindo repertório recheado de sucessos. Pessoal balançando no ritmo, pra lá e pra cá, agitando, arriscando passos de samba, como nos velhos tempos, cantando fácil e de mãos pra cima. Liberdade total! Ambiente favorável.

E o tal casal agarrado. Os dois entrelaçados. Viva o carnaval!

Cada um deles na posição de dança de salão. Nem pareciam estar num bloco animado. O amor é assim. Muda-nos. O que não era para ser acaba sendo. Anula o constrangimento. Em consequência, não é percebido quando saímos do tom, do coletivo. Importa essa escorregada? Não, ora bolas! Viva o amor!

Observando bem, porém, identifiquei que ela, ao abraçar o par, passando um dos braços pelas costas dele, portava um celular ligado.

- Como assim? Nova pergunta.

Aconteceu. Não sei se ela fazia selfie, o que seria bom, ou comunicava-se com tribo diferente, de outro local, de outro planeta, dedilhando mensagens pelo “WhatsApp”, passando e recebendo novidades. 

Vamos e venhamos...

Carnaval ocorre uma vez ao ano. Aproveitemos por inteiro. 

As novidades, agora, dão voltas e retornam. Aquilo que não se sabe no momento chega aos nossos ouvidos e olhos daqui a pouco. É esperar para conhecer ou rever. 

Defendo que a paixão e o entretenimento podem superar a tentação de dar uma “espiadela”.

Alfredo Domingos

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Diário de um pai de pipocas

 

Quando eu morava sozinho e ia à praia, isso era o que eu fazia: calçava um tênis, numa bolsa de corrida colocava carteira e celular, corria 15 minutos. Pronto. Cavava um buraco na areia pra esconder minha bolsa, tirava a roupa, jogava ali mesmo em cima desse monte de areia e me jogava na água. Não tinha grandes preocupações. Aliás, nenhuma. Quem me conhece, sabe que o mar é meu santuário, lugar de me encontrar com Deus e ali me perder na imensidão da praia. Zero preocupações.

Quando se tem esposa, uma filha pipoca de 4 anos que não sabe ficar em um lugar parada e um bebê pipoco de 5 meses que está indo pela primeira vez à praia, é isso que se tem que fazer: numa das (infinitas) bolsas que se tem que levar, coloco brinquedos (muitos... tipo baldes, pás, bonecas, surpresas de Kinder Ovo, frasco vazio de M&M's, e diversos aparatos para se fazer castelos na areia). Outra bolsa térmica com comidas (papinhas, sopa, água pro bebê, além de biscoitos e chocolate pra garotinha viciada). Outra bolsa com roupas (precisa dizer que são muitas?!). Roupinhas diversas pro Bento, fraldas impermeáveis, fraldas não impermeáveis, pomadas, lenços umedecidos, roupas secas pra Marina, incluindo roupa íntima seca pra trocar depois da praia (porque areia da praia "pinica", de acordo com ela) e outras mais que não consigo nem lembrar agora. Não vale nem a pena descrever as outras bolsas, com cangas, outra com tapete pro Bento brincar, outra com protetor solar, óculos e produtos de beleza da Carol (ela insiste em ficar mais bonita... Já expliquei que não dá pra ficar mais linda do que já é, mas...). Contei que também que levamos um ofurô pro Bento tomar um banhozinho de água doce??

Bom, 2 horas e meia de preparação para sairmos, entramos no carro e partimos em direção à praia. Até que chegar foi fácil. Difícil foi achar vaga naquele dia de feriado. Mesmo tão cedo, não havia lugar pra deixar o carro. Achamos vaga 40 minutos depois de rodar duas praias diferentes. E bem longe da praia.

Após andar com todo aquele material e levando as crianças, achamos lugar perto de um chuveirão e com cadeiras de praia e guarda-sol pra alugar (eu não tinha mãos nem espaço pra carregar as que temos em casa). Tira-roupa, troca-roupa, arruma dali, arruma daqui e estávamos, enfim, prontos pra curtir a praia. Descobri, então, que começaria a pior das preocupações. Como a praia estava cheia, era muito fácil de alguém passar ali e pegar algo. Ou pior: pegar alguém... Impossível não ficar atento. Inclusive quando se tem uma filha que não consegue fazer seus castelos de areia perto de você e que quer construir em toda a orla da praia.

Entre tantas turbulências, eu vou me percebendo nos momentos com eles. Aos poucos, acho o equilíbrio entre a tensão e a paz. Afinal, eu também curto brincar de bonecas e de castelos de areia com Marina! Eu me deparo sendo o porto-seguro dela, quando, com medo das ondas, ela me abraça forte e se sente protegida. Eu me deparo com o choro do Bento querendo um carinho pra dormir, e ele acaba cochilando no meu colo salgado da praia. Eu me deparo admirando Carol, sentada na cadeira e apreciando o mar. Mal ela sabe que aquela paisagem que ela observava não se compara à beleza daquilo que eu observava... Tudo, então, fazia sentido pra mim.

Se eu vou fazer tudo de novo? Com certeza! E vou fazer, pra sempre!!!

Diego Lopes Duarte