quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Deus por todos, coitado!


“Depende de nós”! Com a devida licença de Ivan Lins e de Vitor Martins, uso o título da música dos dois artistas. Mas pedir a Deus pode! Sei da sua ocupação e do provável cansaço. São intervenção e vigília permanentes.

Quase em todas as ocasiões, levantamos a cabeça para o céu e pedimos. E como! Ave-Maria! Há momentos que, também, erguemos as mãos.

É para achar a chave perdida. É para o menino tirar nota boa na prova. É para o namorado voltar. É para a comadre ter sucesso na cirurgia. É para a samambaia crescer. É para o processo andar na Justiça. É para as unhas não quebrarem. E vão por aí e por aqui o rosário de intenções e as consequentes promessas.

Agora, suplicar para o time de futebol ganhar partida ou campeonato é demais da conta. Vamos economizar Deus, por favor! Geralmente, os envolvidos com o futebol fazem milhões de bobagens, e será Deus que dará jeito em tudo?

A mesma coisa é para a criança não se estabacar em plena correria desabalada, pela rua. Deus estará amparando a criaturinha levada da breca, sem a mãe a zelar? Não tem cabimento exigir tal façanha de um Senhor.

A turma bebe todas no churrasco e, em perfeita união, solta a pérola: “agora, cada um por si e Deus por todos”! Missão esta prá lá de impossível. Coitado de Deus! A ação divina poderia ser ansiada antes da tragédia, mas depois que a loucura se instala, aí, a Inês é morta!...

Bom, resumindo: orar, suplicar, confessar, chorar, enfim, evocar Deus pode. Afinal, crer não custa nada! Se será satisfeito, dependerá de muitas coisas e de nós mesmos. Acima de tudo, estarão em jogo as nossas próprias condições. Faça por si, que Deus terá mais chance de contribuir para acontecer!

Alfredo Domingos
 

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Sonho de voar


 Fonte da Imagem: www.treinointerativo.com.br

“Voar é um milagre”.
Que o digam os dois terços dos seres vivos aos quais a vontade divina
concedeu tão abençoada graça.
Por isso, considero todos eles autênticos rebentos dos céus.
Há quem veja no viador um ser heróico.
Pois eu vos digo do alto do meu ultraleve: nem heróico, nem épico.
O homem que voa é, sobretudo, um ser utópico. Um ser místico.
Milênios se esfumaram: os pássaros voando, os homens pastando,
neste vale de lágrimas.
Voa a borboleta - asa de vitrais, no seu voo soluçante.
Voa a galinha - não sei bem pra quê. Puro assanhamento.
Voa o bem-te-vi - benza-te Deus.
Voa a garça, branca, leve - branca de neve.
Voa a andorinha - prenda minha.
Voa o urubu, luto fechado, teu planeio te redime.
O mosquito voa - bichinho à toa também voa.
O vaga-lume também voa - vaga luz, navegando pela noite,
sua noite intermitente.
Voa o morcego - nunca vi asas tão vis.
Voa a coruja - rasante maldição da meia-noite.
A gaivota voa - como invejo a tua dócil geometria.
Até o besouro... O besouro também voa,
rastejando pelo espaço sua penosa aerodinâmica.
Graças à imaginação, o homem acabaria contemplado com o dom de voar.
Um dia, alguém me perguntou porque gosto tanto de voar.
Devaneio puro. Quem voa, sobrevoa. Quem voa, sobreleva.
Quem voa é cúmplice dos ventos.
Quem voa busca no céu um lugar de onde Deus possa vê-lo melhor.
Quem voa perpassa as sete cores do arco-íris.
Quem voa reparte com os anjos a castidade azul do céu.
Quem voa é confidente das nuvens.
Quem voa sabe que a nuvem tem coração de mulher: beija e balança...
Quem voa sente o perfume das rosas dos ventos.
Quem voa é capaz de ouvir e entender estrelas.
Quem voa contempla, de perto, o instante em que o sol se cala.
Quem voa, quando pousa, está voltando da eternidade.
Só quem voa descobre o tamanho de Deus.

Armando Nogueira

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Luan Santana - um bom exemplo


Considerando os atuais tempos, em que a esperteza é valorizada ao extremo, o que seria normal de ocorrer passou a ser uma exceção, de causar espanto, digna de efusivas referências. Amostra disso: Fulano devolveu uma carteira perdida, recheada de dinheiro. Louva-se! Em consequência, o indivíduo comparece ao jornal televisivo de grande audiência, é enaltecido, etc. e tal.

Não deve ser assim! Até que o objetivo seja o de realçar a boa ação.

A correção constitui-se em parcela inerente ao cidadão. É obrigação. Nasce na família. Melhora na fase de estudante. E se complementa na atividade profissional.

Falando objetivamente, urge que tenhamos mais referências populares para virarem exemplos e ter seguidores, para que não venhamos a precisar de acontecimentos esporádicos.

A população ressente-se desses exemplos, considerando que, por diversos motivos, a estrutura familiar apresenta-se precária, e, em triste complemento, a escola atravessa uma situação ruim, no que tange à formação e ao conhecimento, apontando para dificuldades que tão cedo não serão sanadas. Esse conjunto indica um vazio desolador, cujo preenchimento não está ao alcance do poder público, ao menos no momento.

Mas, há salvação. Na confusão em que estamos quanto ao entendimento sobre idoneidade, respeito ao próximo, cumprimento das leis, retidão de caráter e outros, ainda, vislumbramos pessoas que fazem o seu papel, cumprindo o que a sociedade clama.

Daí, surgem motivos para destacar pessoas; não vale desistir de peneirar alguém que faz a diferença. Nossa juventude não tem mais tempo a perder, há necessidade de condutas impecáveis.

Na história recente brasileira, pescamos na memória: Zico, Senna, Guga, Joaquim Barbosa, Sérgio Moro e Luan Santana. Este último tem passado aos fãs o seu jeito de bom-moço, como cantor da nova geração do ramo sertanejo.

As letras de suas músicas são extensas, mas repassam mensagem de conciliação, de perdão e de esperança. Luan reforça a ideia de que o futuro pode ser melhor.

A principal lição contida no seu trabalho é a possibilidade de voltar atrás, de reconhecer equívoco e acertar a convivência.

Que seja observado o trecho a seguir, da letra de “Escreve aí”, de sua autoria ao lado de Douglas, Bruno e Dudu:

“Mas quem é que eu tô tentando enganar/É só você fazer assim (estalo), que eu volto/É só você fazer assim (estalo), que eu volto, que eu volto/É que eu te amo e falo na sua cara, se tirar você de mim, não sobra nada.”

Está presente acima o recurso da reconciliação, apenas por meio de um estalo de dedos, que é uma ação muito simples, porém, com grande apelo.

A solução encontrada pelos autores da música revela sinceridade, espírito desarmado e, sobretudo, boa vontade na iniciativa de reatar uma separação ocorrida.

Claro, que a nossa abordagem é singela, mas de passo em passo conseguimos resolver questões, sejam quais forem, e, mais que isso, podemos deixar bons exemplos.

Você pensa que não há testemunhas para pequenos gestos? Engana-se. Tudo é constatado, principalmente pelo seu sentimento. Deixe que ele flua. Você obterá excelentes resultados. Tente.

Alfredo Domingos