Para situação mais grave

 Adroaldo estava sumido (aquele amigo bom de conversa). De repente, esbarramo-nos numa rua do Centro do Rio. Surpreso, indaguei:

- Por aonde você anda, camarada?

- Tudo bem?

Veio a resposta complicada, como tudo do Adroaldo:

- Meu irmão, vou contar o acontecido, que me abalou por um tempo: tive problema com a saúde. Imagine, que saí do estádio de futebol, após um show, e me senti zonzo, vendo tudo rodar à volta. Pensei que teria um "treco". Andando, como podia, dei de cara com um Posto de Saúde. Entrei. Fui atendido. O médico, solitário no meio de um contingente de aflitos por socorro, examinou-me. O eletrocardiograma realizado acusou discrepância nos meus batimentos cardíacos, que corriam de "la ceca a la meca"; e pareciam a Rosa dos Ventos, cheios de pontas. O doutor, precavido, indicou-me recorrer a um hospital de nível secundário, melhor estruturado. Consegui, então, um sopro de vida, que me permitiu indagar se poderia usar a ambulância estacionada na calçada, para o deslocamento. Ele, embaraçado, alegou que a viatura era destinada à "situação mais grave". Concatenei as ideias e pude entender: que eu não estava tão ruim ou que a ambulância não era para deslocar-se, pois sempre poderia surgir enfermidade pior. Resultado: saí à cata do tal hospital grandão, com as minhas bambas pernas...

Alfredo Domingos  

Observar o entorno

(foto do autor)

Observar o entorno

O consenso atual indica que devemos ter “foco”. Para tudo, em todas as ocasiões e momentos, sobretudo no trabalho, OK!

Mas quando conseguimos “desfocar”, que seja por instantes, mais tarde, teremos melhores condições de focar, de novo.

A imagem trazida para ilustrar conduz-nos para centralizar as atenções no edifício de trabalho, esse detendo tarefas e responsabilidades, onde o foco predomina. Contudo, no entorno da construção, há o que observar e contemplar, por exemplo, a bela árvore, em formato de caramanchão. É só “desfocar”, para arejar as ideias, e retornar com ímpeto.

= Alfredo Domingos =