Encontramos fibroses - cicatrizes,
na alma, nos relacionamentos, pelo corpo, e também no coração. Neste, pode ser
cicatriz física, na sua morfologia, e no sentido figurado, quando alguma coisa traz
sofrimento, marcando-nos intimamente.
É comum as pessoas dizerem algo
parecido com isto:
- Senti tanto tal coisa que a
cicatriz deixada não mais se desfará.
Ou, ainda:
- A atitude de Fulano me deixou
profunda cicatriz.
Pois é, mas as coisas
sentimentais ou mesmo palpáveis não funcionam assim, integralmente. O que
parece ser para sempre e cala fundo, às vezes, traz surpresas, e boas.
As fibroses do coração, as
físicas, são tratáveis. Há exames, procedimentos e medicamentos eficazes.
As cicatrizes sentimentais vão
e voltam. O que hoje é o fim do mundo, amanhã se transforma em o melhor dos
mundos. Mudam os agentes, mudam as circunstâncias, mudam as ocasiões.
No dia a dia atribulado em que
vivemos, no meio de relações cada vez mais difíceis, são muitos os atropelos e
as decepções, com oportunidades para recrudescimento de inúmeras chagas.
Contracenamos em palcos
suscetíveis, nos quais o melindre tende a prevalecer, testando permanentemente o
equilíbrio dos integrantes do elenco. A vulnerabilidade é latente, proporcionando
momentos de plena euforia ou de outros de, até, depressão.
Essas atitudes antagônicas não
ficam impunes. Deixam rancores ou amores indestrutíveis, ao menos
momentaneamente. Considerando os desafetos, eles ocasionam cicatrizes: ora
rasas, ora significativas.
Mas e a vida? Esta segue reta,
apesar de tudo, sendo linda e pulsante, vamos combinar que na sua maior parte.
Resta-nos abstrair dos reveses e abraçar as bem-aventuranças. Fica a boa
receita!
Alfredo
Domingos