segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

História de carnaval



Nesta época carnavalesca, faltando uma semana para Momo entrar em campo, jogar-se na passarela do samba, vêm à cabeça muitas histórias ocorridas, levando o carnaval como pano de fundo.
Reginaldo era um faz-tudo na empresa. Prestativo. Engenhoso. Sempre disposto a fazer as tarefas rotineiras e os imprevistos, também. Era meu subordinado no Departamento de Serviços Gerais, verdadeiro pau para toda obra.
Não fazia questão de sair no horário, nem, em consequência, apontar hora extra. Não vivia a exigir os tais direitos trabalhistas. Ao contrário, nós tínhamos que zelar, para que não fosse prejudicado. 
Outubro ou novembro, no ano passado, Reginaldo passou três dias sem comparecer ao serviço. Preocupou-nos, além de gerar muita necessidade para as soluções dos problemas que caíam sobre os seus ombros.
No quarto dia, finalmente, veio para trabalhar.
Com a calma de sempre. Sorriso escancarado na boca. Seu tradicional gingado no andar. Confraternizando-se com todos. E, finalmente, apresentou-se para as explicações.
- Seu Cristóvão, sei que estou no erro. Pode me descontar no salário, pode, até, mandar em embora. O motivo foi campeão. Estou feliz!
- Como, homem? Quer ser mandado embora do emprego?  E que motivo "campeão" foi esse?
- É, isso mesmo! O meu samba, lá na Escola, foi o escolhido, ficou como campeão para o grande desfile. Representará as cores da querida de Raiz da Serra. 
- Tome tento, Reginaldo! Um dia você vai se arrebentar por causa do samba.
- Que nada. Samba é samba, do meu coração! Maior amor!
- Farei uma coisa com você. Pela sua sinceridade e honestidade de caráter, que, aliás, eu já as conheço, vou perdoar. Você é bom de trabalho, e eu não devo desconsiderar o seu desempenho.
- Apenas, resta uma coisa a esclarecer. O porquê de você faltar três dias.
- Simples, meu chefe! Bebi todas no primeiro dia, quer dizer; durante toda a noite e no dia seguinte, necessitando de descanso nos outros dois dias. Foi assim!...

Alfredo Domingos

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Palavras e expressões que valorizam



Comunicação:

Prezado colaborador,

Deixo cumprimentos pela sua brilhante participação no seminário organizado por nós. Tenho a certeza de poder contar com você para os próximos eventos.

Said Fohan - gerente




Palavras e expressões abrem portas, valorizam as pessoas, quando empregadas na medida apropriada e no momento certo. 
Mesmo as verdades mais duras podem ser ditas na forma correta. E, além disso, devemos fazer com que o interlocutor atente para o bom entendimento da atividade, o fraterno relacionamento e o satisfatório resultado, em qualquer empreendimento, seja particular ou profissional. 
O estímulo funciona muito bem. A outra pessoa sente-se prestigiada, receptora de atenção. 
Relevância existe na aparência, na postura e no conhecimento, porém, o adequado trato com as palavras é conduta essencial, quebrando barreiras e conquistando convivência.
Chegar à situação de encorajar alguém é fácil, simples e imediato, bastando, preliminarmente, lançar mão de poucas e certeiras palavras.
Foram reunidas palavras e expressões que fazem a diferença positiva, na relação interpessoal. No entanto, a meritocracia não pode ser abandonada. O indivíduo, em contrapartida, obriga-se a ser merecedor do tratamento prestigioso. 
Alguns exemplos:
- preciso de você para compor a nossa equipe.
- esperava, mesmo, tudo isso de você.
- você obteve ganhos no rendimento do seu trabalho.
- foram alcançados bons resultados por você.
- você granjeou respeito.
- resiliência é uma boa característica que você possui.
- houve muita contribuição da sua parte.
- você foi proativo.
- noto que você entendeu perfeitamente.
- acreditava que você conseguiria.
- você conduziu ideias inovadoras.
- as suas ações têm sido simples e objetivas, assim como as soluções.
- você sabe aproveitar as oportunidades de capacitação.
- você privilegia a corporação.
- espero sempre que você dê uma palavra amiga.
Agindo em consonância com as “dicas” acima, sem descartar outras, você, leitor, conseguirá relações agradáveis e estáveis, permitindo satisfação aos demais integrantes dos seus grupos, e chegando a patamares elevados no campo das atividades profissionais. 
Releva considerar, regularmente, como precaução, a máxima introduzida pela propaganda do governo britânico, durante a Segunda Guerra Mundial, que se aplica em quase todas as ocasiões, evitando transtornos: “Careless talk costs lives” (conversa descuidada custa vidas).
 


Alfredo Domingos

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Alcunha



Sombras, dor
Tudo era incolor
Meu tamanho era pequeno demais
Porém, recuar, apavorar, jamais
Dar volta por cima se impunha
Dor era alcunha
Na emoção consistia a questão
Tomando conta do corpo, sem contenção
Sair daquela era preciso
Não zelar? longe disso
Cuidar era a hora
Ajuda sem demora
Sarar para viver
Esquecer
Novas portas a abrir
Aí, então, sorrir
Peito é pra amigo apertar
Não pra dor guardar.

Alfredo Domingos (resgate de poema de dezembro de 2005)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Homenagem a “Fernando”


Transito entre o eu e o não eu.
Encarno esse, aquele.
Assumo isso, aquilo.
Dissimulo o quanto posso, escancaro tudo.
Saio de mim para ser Maria, para ser João,
Ou, simplesmente, sou eu mesmo.
Possuo muitos nomes.
Trago chapéu e óculos.
Adoto a primeira pessoa, embalo-me na terceira.
Ando de carro, de balão e a pé.
Tenho cabana, casa, castelo e navio.
Nasço, morro e ressuscito.
Venho pra cá, vou pra lá.
Sou mendigo, barão e aprendiz.
Provoco gritos, sussurros.
Faço rir, faço chorar.
Elaboro mistérios, articulo amores.
Os oceanos são a minha Pátria.
“Eu, da Raça dos Navegadores, afirmo que não pode durar (o que aí está)!
Eu, da Raça dos Descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir um Novo Mundo!”
Adoro comédia, envolvo-me no drama.
Junto letras, esculpo palavras e construo sentenças.
Mexo com os sentimentos, emotivo eu sou.
Fingidor, sim, por que não? “Pessoando” eu vou.

Alfredo Domingos

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Quem sou eu?



Sou meu credo,

Meu País,

Minha família,

Meus amigos,

Meus estudos e livros.

Sou meu fusca,

Minhas experiências.

Meu trabalho.

Cada dia ficou marcado.

Dos pais ganhei sabedoria.

Dos mestres adquiri conhecimento.

Dos colegas assimilei vivências.

Com os companheiros, tive divertimento.

Com a profissão, fiz o mundo.

Com os subordinados e iguais, troquei parcerias.

Com a companheira, fiz a vida. Ganhei amor.

Com os filhos, aprendi. Recebi afeto.

Quebrei a cara.

Contei vitórias.

Dei urros de alegria.

Chorei lágrimas grossas.

Falei sozinho.

Escondi-me no travesseiro.

Jurei fazer melhor.

Colecionei bilhetinhos.

Juntei tranqueiras.

Falei baixinho.

Gritei pra dedéu.

Armei travessuras.

Tive arrependimentos.

Distribuí benquerença.

Recebi mimos.

Resmunguei.

Triunfei.

Lamentei.

Praguejei.

Gargalhei.

Detestei-me.

Gabei-me.

Adotei: em terra de sapo, de cócoras com ele.

 

Alfredo Domingos