segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Acessibilidade

Voltei à antiga rua do subúrbio carioca, onde morei durante largo período da minha vida. Muitas recordações! O conjunto centenário de casas continua de pé, com raras exceções. As mangueiras frondosas foram mantidas. O campinho de futebol, das peladas, com piso de terra, não mais existe. Aquele deu lugar à pequena vila residencial.

Porém, duas das velhas casas cederam espaço a uma edificação na cor rosa, de dois pavimentos, ainda em construção, que me causou estranheza, pois, segundo a falação dos vizinhos, será uma casa de tolerância, casa da luz vermelha, ou com outro nome semelhante.  Uma novidade local, mas não para a humanidade, que conhece o papel do estabelecimento. Trata-se de um negócio, como outro qualquer, e com permissão oficial para a sua razão social de conveniência.

Analisando a concepção do imóvel rosa, chamou-me a atenção um acesso em rampa, ao lado da escada de entrada, que representa solução de arquitetura singular (a rampa), considerando-se o tipo de atividade que ali será desenvolvida. Aspecto positivo, pelo reconhecimento de propiciar acessibilidade às pessoas com restrições. Afinal, o cadeirante possui, também, o direito à diversão. Mas não deixa de ser providência inusitada, quando supomos que, talvez, a circulação de cadeirante traga dificuldade e constrangimento ao próprio, pelas características inerentes às instalações. Sem contar que as circunstâncias ocorrerão movidas à alegria, dança e habilidade, essa que exige muito do corpo.

Mas que seja, acima de tudo, ambiente de satisfação para os frequentadores, sem as confusões peculiares, permitindo, inclusive, abertura de novas vagas de emprego.

= Alfredo Domingos =