terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Sinuosidade de nós

Fonte da imagem: fotografia do autor

Quando criança, eu era magrinho, franzino.
E gaguinho. Depois, como adolescente, fiz concurso para colégio público e não passei. Devido ao peso. Quer dizer, pela falta dele.
Deram-me tempo, fiz regime de engorda, ganhei o que estava faltando, e fui aprovado. A balança nunca mais me incomodou. Nem para um lado, nem para o outro.
A gagueira, sim, acompanhou-me, trazendo dificuldades e constrangimentos.
Em muitas oportunidades, ressenti-me da “liberdade de expressão”, literalmente.
As ideias brotavam, porém, a comunicação escorregava.
Havia trava. A chance de as coisas acontecerem, então, escapava.
Repetia um de tal de “é”, várias vezes, para dar a partida. Pegava no tranco.
É! É! É!... Isto aqui, aquilo outro.
E ao falar, fazia de pressa, atropelando, para não perder o embalo.
O interlocutor devia entediar-se. Fazer pouco caso do que eu tinha a dizer.
Confesso que, em algumas ocasiões, eu percebia a impaciência das pessoas.
Não pensem que não procurei caminhos para mitigar ou eliminar o problema.
Socorri-me das fonoaudiólogas.
Pelejei, e muito!
Adulto, dei uma encorpada fisicamente, mas permaneci sofrendo na conversação.
Das matérias escolares, sempre tive predileção pela Língua Portuguesa. Comento este particular porque daqui a pouco irei fazer uso. Aliás, naquela época, chamavam-na apenas de Português.
O tropeço no expressar, no entanto, conduziu-me em uma direção impensada, e boa.
Se falar era dificultoso, escrever era mais fácil.
Agarrei-me à alternativa. Para tudo usava um bilhete. Um recado.
Levava no bolso não uma joaninha, na caixa de fósforos, como no grupo escolar, mas papelucho e cotoco de lápis. Falava por meio deles. Minhas armas de comunicação.
E a Língua Portuguesa, comentada antes?
Ocorreu o ponto de inflexão.
Em 2005, danei a escrever. Contos, crônicas, poemas, e tudo o mais.
Na mesma época, fiz terapia, acupuntura, RPG e pilates.
Passei a comunicar-me mais e melhor.
Rompi as barreiras.
Ganhei confiança.
Mudei de jeito de ser.
Em 2013, lancei o livro “Existe Vida nas Palavras”.
E a gagueira?
 .
.
.
.
Foi-se!
Abri a tampa.
Destravei-me.
Hoje, falo pelos cotovelos!
Tenho que policiar-me para não ser inconveniente. Interromper os outros, indevidamente.
Agreguei pessoas. Ganhei parceiros de vários tipos.
Escrevo textos, sobre qualquer assunto.
Consulto as gramáticas. Coleciono dicionários.
Socorro-me com uma professora.
Sou rato de sebos. Sócio de livrarias - brincadeira! Mas quase isso, de tanto que as frequento.
Na época da rapidez e da síntese do “WhatsApp”, dou-me ao trabalho, mas com prazer, de escrever bem escritas as minhas comunicações por este veículo, esmerando-me, de propósito, na Língua, na tentativa de fazê-la inteira e respeitada, não entrando pelo pouco caso do “pq”, “vc”, “obg”, “tb”, “rs”, “q” e o indefectível “kkkkk”, que, segundo um professor, coloca-nos adeptos do sódio (sal), representado pelo “K”.
A imagem escolhida para ilustrar este texto reproduz, no tronco do arbusto, a sinuosidade de posturas e de pensamentos, que vamos adquirindo ao longo da vida, em função dos experimentos, da vivência, das loucuras e, também, de outros ingredientes. Acho natural que ocorra o entrelaçamento de muitas coisas, até pela imprevisibilidade das circunstâncias. Há sobressaltos. Afinal, a mesmice cansa.
O mote desta conversa sinaliza para as condições de conhecer-se, correr atrás das soluções, procurar ajuda, dar volta por cima e insistir sempre, tateando pelos atalhos, para encontrar a estrada certa e segura.

Alfredo Domingos

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Divagação, saudação

Fonte da imagem: fotografia do autor

Chuva fina.
Escondi-me debaixo da marquise.
Peguei o material de escrita, que carregava. 
E para distrair a tensão e a tristeza, passei a escrever.
Divagação!

Pátio do Cemitério de Irajá, no Rio de Janeiro.
Sepultamento de Maria Aparecida, a Pia.
Em 13 de setembro de 2012.
Ali, eu não conhecia alguém.
Com ela própria, perdi contato há algum tempo.
Prima, que cedo saiu pro mundo.
O furgão preto estacionou.
Esperei vir alma conhecida. Veio.
Perguntei. Era ela mesma, no momento derradeiro.
Ponto final na escrevinhação, e fui.
Florar. Florei.
Rezar. Rezei.
Despedir. Despedi.
Saudação!
Tchau, Pia!

Na verdade, tudo é incógnita.
De nada sabemos.
Temos a pretensão de conhecer, apenas.
A cada dia, surge uma novidade.
As coisas acontecem não ao acaso.
Mas elas aparecem, assim, do nada. Ou será do tudo?
As portas são abertas para permitir a passagem.
Do que for. Para o que for.
Todos os instantes revelam um “Ah!”
Seja de alegria ou de tristeza.
É questão de ter exclamação ou não.
O grande barato é bem conduzir a nossa reação.
Não importa de qual forma ela venha.
A ordem das estrelas é aguentar firme.
Não é prioridade entender o que se passa.

Alfredo Domingos

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Zeppelin pela primeira vez



Pelo noticiário, que se depreende do Diario de Pernambuco, do dia 23 de maio de 1930, e depoimentos dos que assistiram e documentaram, a exemplo do compositor Raul Valença, que chegou a fazer um filme, foi uma verdadeira revolução na cidade, quando da chegada daquele dirigível, após 59 horas de viagem: 

Um vivo interesse se desenhava em todos os semblantes entorno desse acontecimento destinado a marcar uma data inesquecível na vida da cidade. […] às 18 horas e 35 minutos o dirigível foi avistado no Recife e logo entrou a tocar, para divulgar a boa nova, o carrilhão do Diario de Pernambuco, cujos terraços estavam ocupados por famílias do nosso escol social. […] O Diario de Pernambuco, em sua edição do dia seguinte, às 16 horas, era já compacta a multidão de curiosos que se empilhavam nas torres das igrejas e até nos tetos das casas. – inclusive nos terraços dos edifícios mais altos: Moinho Recife, Palácio da Justiça, Diario de Pernambuco, Hotel Central, etc. No mais alto da cúpula do Palácio da Justiça, em verdadeiro esporte de equilíbrio, agrupavam-se algumas dezenas de pessoas. O terraço desta folha, já às 17 horas, estava repleto de numerosa e compacta assistência. […] 

– Chegarei pouco depois do por do sol, foi a mensagem do comandante Eckener. […] 

É ele! É ele! É uma estrela!…. , gritava o povo. Mas a dúvida em breve dissipou-se. Alguns instantes mais e a sombra branca do imenso pássaro aéreo começou a surgir e a crescer. Já eram então visíveis os dois focos de proa e popa marcando o vulto imenso que desfilava dentre as nuvens. Precisamente às dezoito e meia passava o Graf Zeppelin, mais baixo acerca de trezentos metros de altura, sobre a torre da Catedral de Olinda…. E logo começou-se a ouvir o surdo rugido das suas hélices possantes …. Mas pode mencionar-se o emocionante espetáculo da nave imensa a deslizar dentro da noite, sobre a cidade, rumando do norte ao poente, numa grande curva, direto ao Campo do Jiquiá, como se conhecesse o caminho; como uma ave retardatária que se torna ao pouso, mil vezes demandado. 

O dirigível estava sob o comando do Comandante Hugo Eckener, que, juntamente com o infante Dom Affonso de Espanha, foi saudado pelo então secretário particular do governador Estácio Coimbra, Gilberto de Mello Freyre, após a sua amarração no Campo do Jiquiá. 

Tempos do Zeppelin, na sua linha regular ligando a Europa ao Brasil e Argentina, relembrados pelos mais antigos e assim descritos na poética de “Ascenso Ferreira” (abaixo): 

“Graf Zeppelin
WZ! KDKA! UZQP! 
Alô, Zeppelin! Alô, Zeppelin! Alô, Zeppelin! 
Usted me puede dar nuevas del Zeppelin? 
Dove il Zeppelin? 
Where is the Zeppelin? 
Passou agorinha em Fernando de Noronha.
Ia fumaçando! 
Chegou em Natal! 
(Augusto Severo, acorda de teu sono, bichão!)
 Alô, Zeppelin! Alô, Zeppelin! 
Rádio, rádio, rádio! 
WZ – QPQP – GQAA... = Jiquiá! 
 – Apontou! 
– Parece uma baleia se movendo no mar! 
– Parece um navio avoando nos ares! 
– Credo, isso é invento do cão! 
– Ó coisa bonita danada! 
– Viva seu Zé Pelin! 
– Vivôôô! 
Deutschland über alles! 
Chopp! Chopp! Chopp! 
– Atracou!"

O Graf Zeppelin realizou 63 viagens unindo o Recife à Europa. Em 1936, veio a ser substituído por outro dirigível, o Hindenburg, que possuía 804 pés de comprimento; 76 pés menos do que o transatlântico Titanic e 228 pés maior do que um boeing 747. Este último realizou sete viagens ao Brasil, antes do acidente que o destruiu, em 1937, ao pousar em Lakehurst, no estado norte-americano de New Jersey. – Um pé correspondente a 12 polegadas e equivalente, no sistema métrico decimal, a aprox. 30,48 cm. 

A primeira travessia aérea do Atlântico Sul veio a ser realizada pelos aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que saídos de Lisboa a bordo do hidroavião “Lusitânia”, em 3 de março de 1922, pousaram na bacia do Capibaribe, em 5 de junho daquele ano. Para comemorar o feito, fez-se erguer um grande monumento em mármore aos dois aviadores portugueses, esculpido por “Santos e Simões – estatuários” e foi ofertado pelos portugueses residentes em Pernambuco. A sua inauguração aconteceu, em 1927, sendo instalado no Cais Martins de Barros. 

Os primeiros brasileiros a cruzar o Atlântico Sul foram João Ribeiro de Barros (comandante), Newton Braga, João Negrão e Vasco Cinqüini, que, a bordo do hidroavião Jahú, fizeram o voo histórico Gênova-São Paulo, escalando no Recife em cinco de junho de 1927, amerissando na bacia do porto, sendo recebidos com grandes festas. No mesmo ano, comércio da Encruzilhada, a fim de assinalar o feito, mandou erguer uma coluna de oito metros de altura, encimada por uma águia pousada sobre o globo terrestre, com a inscrição: “Raid Gênova-Santos. À heroica tripulação do Jahú, homenagem do povo da Encruzilhada. Recife, 25 de setembro de 1927”. (¹) 

A correspondência aérea entre o Recife, o Rio de Janeiro e Buenos Aires, veio a ter início a 7 de março de 1927, através da Companhia Latecoére, depois denominada de Aeropostale, que veio a ser o embrião da Air France. 

Na bacia do Pina-Santa Rita passaram também a amerissar os hidroaviões da Condor-Lufhansa e da Panair-Panamerican. 

O primeiro aeroporto do Recife só veio a surgir, anos depois com os aviões utilizando a pista de areia do campo do Ibura, particularmente os pertencentes à aviação militar, ao Correio Aéreo Nacional e a LATI – Linhas Aéreas Transcontinentais Italianas, a “Ala Litoria”. Esta última veio contribuir para a construção de uma pista em concreto, a fim de pousar os trimotores Savoia-Marchetti-83, na ligação Roma-Rio de Janeiro. 

Com a criação da Força Aérea Brasileira, fez-se necessário a implantação da Base Aérea do Recife, por força do Decreto n.º 3459, de 24 de julho de 1941, seguindo-se da 2ª Zona Aérea, em 25 de outubro de 1941, formando assim um complexo militar de grande importância quando do segundo conflito mundial.(²)

As comunicações via-aérea com a Europa e a América do Norte vêm ganhar impulso após 1942, quando os Estados Unidos declaram guerra à Alemanha, em 22 de agosto daquele ano. 

O Recife possuía, então, uma população de 348.424 habitantes, passando assim a abrigar as bases militares norte-americanas. Na Base Aérea do Ibura aterrissavam os catalinas e as chamadas fortalezas-voadoras (B 29), enquanto no seu porto permaneciam ancorados modernos porta-aviões, cruzadores e destroiers das forças aliadas. 

As comunicações por via aérea do Recife para a Europa e a América do Norte vêm ganhar impulso após 1942, quando os Estados Unidos declaram guerra à Alemanha, em 22 de agosto daquele ano. Terminada a guerra, em 9 de maio de 1945, a Base Aérea do Recife passa, também, a servir de pouso obrigatório às aeronaves civis, oriundas da Europa, até a construção do moderno Aeroporto Internacional dos Guararapes, inaugurado em 18 de junho de 1958, pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira. 

O Aeroporto dos Guararapes vem a ser totalmente modificado, com novas instalações e aumento de sua pista para 3.500 metros, em 10 de novembro de 1982, a fim de atender à demanda dos modernos aviões – Jumbo, DC 10, Airbus. Após 18 anos de utilização, a pista foi ampliada e está sendo construída uma nova estação de passageiros. O aeroporto do Recife tem a denominação de Guararapes em virtude das duas batalhas (1648 e 1649) travadas nas colinas vizinhas. O sucesso obtido pelas tropas luso-brasileiras veio selar, de forma definitiva, a reconquista do território ocupado pelos holandeses entre 1630 e 1654. 

Nota: o texto acima foi colhido de http://www.diariodepernambuco.com.br, pela comemoração, em 19/05/2015, dos 85 anos da  primeira chegada do "Graf Zeppelin" ao Recife, Pernambuco, em matéria de Leonardo Dantas Silva. 
Fonte da imagem: diariodepernambuco.com.br

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Ser ético faz bem e é dever



ÉTICA - é palavra de origem grega (ethos), que significa “propriedade do caráter”. Ser ético é conduzir-se dentro dos padrões convencionais e das regras impostas, agindo convenientemente, em proveito próprio e da coletividade, sem prejudicar o próximo.
Para ilustrar:
Um homem decidiu levar seus filhos ao circo. Na bilheteria, a pergunta:
- Olá, quanto custa a entrada?
O vendedor responde: - R$ 40,00 para adultos, e R$ 30,00 para crianças de 7 a 14 anos. Crianças até 6 anos não pagam. Quantos anos eles têm?
E o pai responde:
- O menor tem 3 anos e o maior 7 anos.
O rapaz da bilheteria diz:
- Se o Sr. tivesse falado que o mais velho tem 6 anos, eu não perceberia, e o Sr. economizaria R$ 30,00.
E o pai responde:
- Talvez você não percebesse, mas meus filhos saberiam que eu menti, para obter uma vantagem, e jamais esqueceriam.
 E finaliza:
- A verdade não tem preço. O exemplo é educativo. Hoje, deixo de economizar R$30,00, que não me pertencem por direito, mas ganho a certeza de que meus filhos sabem a importância de sempre dizer a verdade.
Esta pequena história nos permite conceber que:
*- Nada deve substituir a verdade.*
*- Educar, entre outras coisas, é dar o exemplo.*
*- Jamais devemos fazer concessões, pequenas que sejam, à mentira, ao conluio, a levar vantagem indevida.*
*- Sermos corretos, em primeiro lugar, faz bem a nós mesmos.*
A corrupção começa nos pequenos gestos, e, além de tender a tomar grandes proporções, é passada às novas gerações como algo comum, que não tem problema, sem causar espanto. Mudar uma situação da qual reclamamos ou não concordamos depende, inicialmente, de nós. Façamos algo, do nosso alcance, no nosso “mundo”, para que haja melhora em vários setores da sociedade, inclusive nas atividades profissionais.
A falta da ética leva-nos a cometer absurdos e abusos, que resultam em prejuízo para os próprios delituosos e para os demais. Ficamos sem autocensura, a trava sobre nossas ações fica frouxa.
No caso dos agentes públicos, o exercício da ética é essencial e mandatório. Não se consegue sucesso e benefícios para todos, na gestão pública, quando inexiste ética. A ética, que não deixa de ser o bom modo de ser, tem como aliados o cumprimento às leis, a transparência, a escolha de auxiliares competentes, a experiência, o respeito ao que está sob a nossa guarda e às pessoas, e assim em diante.
A história acima, do pai e filhos, que foram ao circo, destaca o “exemplo”. No seio da família, quando faltam exemplos, a perda é relativamente pequena, com impacto somente para mais tarde. Na administração pública, a falta de exemplos contamina toda a cadeia hierárquica, inclusive, desestimulando aqueles que agem com seriedade, fazendo com que os cidadãos comuns deixem de receber os direitos que lhes cabem, ou recebam a menor, num curto espaço de tempo.
Deixamos um convite: pensemos seriamente nesta nossa conversa sobre ética, que, despretensiosamente, pretende incentivar a todos a conduzirem-se de forma reta, considerando os atributos necessários e favoráveis a uma sociedade.

Alfredo Domingos
(história inicial, do pai e filhos, de autor desconhecido, foi adaptada por este autor)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Sem o “...”


A

Substantivo masculino.
1. A 1.a letra do nosso alfabeto. [Representa a vogal oral, baixa e aberta (como em fato), ou a vogal oral, baixa e reduzida (como em roupa). Soa como vogal nasal, com timbre mais fechado, quando marcada com til (lã), ou, em raros casos, com acento circunflexo (câimbra), ou, ger., quando seguida de m ou n, esp. em final de sílaba (campo, lanterna) ou de nh (banho).]
2. A figura dessa letra, ou qualquer representação sua:
Bordou um a na camiseta.
3. Som por ela representado:
A pronúncia aberta do a é característica de certas regiões do País.
4. Conceito (6), ger. correspondente a aprovação com nota máxima:
Tirou um A em matemática. [Nesta acepç., ger. com cap.]
Numeral.
5. Primeiro (1), numa série ordenada ou hierárquica cujos elementos são representados ou designados pelas letras do alfabeto:
O item a é o mais importante; A crise econômica também afetou a camada A da sociedade. [Tb. us. adjetivamente, para denotar classificação e significando ‘de primeira categoria’, ‘de qualidade superior’, ‘de alto valor ou importância’:
serviço de classe A; leite de tipo A (ou, simplesmente, leite A).] [Pl., nas acepçs. 1 a 4: as (tb. indicado graficamente pela duplicação da letra: aa). Cf. á, à, ah.]

De a a z. Do início ao fim, ou em toda a extensão de algo; completamente, inteiramente, exaustivamente; do a ao z.
Do a ao z. De a a z.
Por a mais b. De maneira plena, cabal; sem deixar dúvida ou suscitar discussão.
Fonte da introdução: Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 4ª Edição


Escrever um texto com impedimento de elemento do “bcd” é método de louco, porém, o intento pode ser obtido. Sim, é possível. Dê início e observe que, sem perder tempo, o seu objetivo lhe torce os miolos e ergue corpo. Pegue o utensílio próprio e risque ou use o meio eletrônico. Os dois servem; cruze os dedos, segure os efeitos ruins.

Tente. Invente um trecho. Procure o jeito. Seguir sem óbice é dever, fugindo dos empecilhos, conseguindo soluções. O freguês tem que conhecer e mexer, com engenho, no Português, sem esquecer o rumo. Enfim, perder timidez e ser de vez um escritor. Sem heterônimos. Meter-se de topete. Com você mesmo, e pronto!

De período em período, construir recheios, medir os efeitos do feito. Tudo deve ter sentido, reunindo humor e tempero. De bom tom é socorrer-se de: improviso, sonhos, ponto, dois pontos, sinônimos, etc.

Ver o que se confunde com o nebuloso. Distinguir o imperceptível. Medir os extintos. Seguir com duelos internos, inteligentes, constitui wibe de percurso delicioso, e, depois, somente conferir o êxito. No fim, é melhor do que creme no mel. O termo certo é outro, do que creme, contudo, é erro nosso persistir neste desígnio, sem futuro no brinquedo. O tiro pode explodir em ponto neutro, conduzir o herói por becos desconhecidos, sem sucesso.

Mergulhe no experimento, ciente de que inexiste o método científico. Romper com o direto, reto, pode conduzir pelo torto, que é o pretendido. Os recursos devem ser ricos, com critérios bem concebidos.

Como um veleiro, é conveniente ir percorrendo em senoide seu suplício ou delírio. O imbróglio deve ser dividido em segmentos, reduzindo os perigos. Use o revólver do conhecimento e do engenho.

Sustente, que é exequível. Pense que pode repetir com outros tipos, como exemplos: e, i, o, m, s, t, etc. Cismou? Tire e crie. Rubem decretou em livro que certo modelo de conteúdo findou. E por que você, por exemplo, é que se vê proibido de pôr e suprimir o que vem no espírito? Por isso, insisto, senhor, que fique rente e firme, concentre-se no ofício.

Os mestres expõem que o desenho do referido deve ser redondo e o seu som estendido.

Fizemos os períodos refletindo sobre ele. Com os sentimentos inseridos no contexto. Por fim, um desfile de reflexões. O império do ortodoxo cedeu vez, promovendo os imprevistos bem vistos, permitindo o insólito. Isto!


Alfredo Domingos

Obs.: experiência nova foi realizada com o texto acima. A letra “a” foi evitada! Existiu certa dificuldade para contar a própria história do não uso do “a”, pois deveria haver nexo. Hurra, conseguiu-se! Como é dito, esta moda é “cultura de travesseiro”, travessura particular, da nossa intimidade, fora do protocolo.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Nosso 100º texto


Buscamos sempre referências de data para as coisas. Os exemplos são muitos: 5º mês de gestação, 1º ano do menino, 25 anos de casados, 20 anos da formatura, 30 anos na mesma empresa, 10ª edição do livro, e assim vamos obtendo motivos para as respectivas saudações. Existem marcos a ser brindados. E cumprimos toda uma programação para bem marcar os eventos, e podermos aproveitar, de posse da máxima alegria, o momento festivo. 
Neste tom, possuímos um evento nosso para comemorar. Divulgo-o agora. 
Um tim-tim para nós. Viva! Em vez de erguemos taças, que sejam erguidos os dicionários, as gramáticas, todas as ajudas recebidas, os comentários formulados, e, principalmente, as inspirações, geradoras das ideias, que formaram os textos. 
Ideias e textos construíram esta oportunidade, iniciada em março de 2015, com a primeira publicação sendo “Tudo por causa do calor”. 
Nada melhor do que elaborar este novo texto para receber o selo de 100º texto inserido no nosso blog, o “Existe Vida nas palavras”. 
Começamos pelos agradecimentos. Descortesia seria deixá-los para o final! 
Aos leitores, a maioria anônima, que têm dado o ar da graça, frequentando o blog. Faz sentido dizer que Lygia Fagundes Telles refere-se aos leitores como sendo o motivo da sua escrita. Pura verdade! Filio-me a ela.
 A Diego Lopes, pelo acompanhamento, incentivando e colaborando, desde o nascimento do blog. 
A Deus, sempre! 
Para escrever, a cabeça deve estar boa. Não necessariamente o escritor precisa de isolamento. Antes de tudo, como no esporte, mente sã ou ligeiramente louca, o que ajuda! Em princípio, escreve-se em quaisquer ocasião e local. No celular, no laptop, num pedacinho de papel, no braço da amada, na palma da mão, e até nas paredes, se alguém deixar. 
A criatividade é necessária, contudo, dispomos de técnicas, que permitem a escrevinhação. Sem modéstia, afirmo que se consegue escrever sobre todos os assuntos e situações. Os graus de aprofundamento e de requinte na escrita são outras conversas. Aí, o buraco é mais embaixo e profundo. 
Atualmente, o rebuscamento nem está na moda. Os inúmeros blogueiros, comentaristas e palpiteiros deitam e rolam, metendo as caras, surfando nas mais diversas ondas, e com sucesso! Não faltam matérias para leitura. São erguidos castelos e barracos literários, com ousadia, em primeiro lugar. São ousados na escolha do tema e na forma desconcertante de expô-lo. 
Refletir, intuir, avançar na frase, recuar, consultar, concluir que ela está ótima, ou, ao contrário, constatar que está muito ruim, estão no protocolo, se existisse, do ofício de escrever. Porém, não é sacrifício! Escrever é “passear”. Se afligir, já não é prazeroso. Claro, que o computador é a bola da vez, mas pegar folha de papel e lápis, para lançar pensamentos e sentimentos, ainda, é maravilhoso. Ao concluir o texto, aí é o nirvana! O ponto final é a redenção. Não representa o dever cumprido. Não é obrigação levada a termo. Sentimos o abraço da satisfação, do íntimo prazer. 
Todos os textos foram baseados nas vivências e nas leituras. Muitos autores fizeram-se presentes por meio de seus estilos, formas de comunicação e palpitantes ideias. Serviram de didáticos exemplos. 
Nos três anos passados, os acontecimentos de momento tiveram forte participação. Não se escreve fora do contexto da época, a não ser assunto histórico, assim mesmo, ele recebe o nosso modo de encarar as circunstâncias, de acordo com que o autor está vivendo, que acaba contaminando as pesquisas, por mais milenares que sejam. As influências vêm de todos os lados. É impossível ficarmos alheios. 
Em síntese, o nosso pensamento de 2015 foi sendo modificado, com o tempo. Até a forma de escrever passou por alterações. Estamos iniciando 2018 com alegria, na esperança de fértil capacidade criadora. Escrever é sair de si. Jogar-se na trama urdida. Ser você mesmo com a vestimenta dos personagens e da história engendrada. 
Nas minhas orações, solicito, com a alma emocionada, que haja fôlego inspirador para mais uma centena de textos, no mínimo. Aliás, escrever é maneira de orar. 
Vamos juntos aproveitar, saborear palavras, montar parágrafos e abusar da pontuação, e que esta seja, a maior parte, composta da exclamação (!), finalizadora das boas situações. 

Alfredo Domingos