quinta-feira, 21 de junho de 2018

Crônica pequena, quase mínima II



Quando menina, ela arrancava a cabeça das bonecas - ação considerada de criança. Quando adolescente, esvaziava os pneus das bicicletas dos amigos, liderava grupelhos de desordem e esvaziava frascos de perfumes, nas casas onde estava de visita - ações tidas de jovem rebelde. Quando adulta, enveredou pelos esportes radicais, tornando-se guia de aventuras, pelo mundo. Dizia ser, assim, possível não ter patrão, sede da empresa e, muito menos, mesa de escritório, para ficar amarrada. Andes, Agulhas Negras, Pedra do Sino, Yellowstone, Alpes, Hawaii, Himalaia - atrações constantes dos muitos roteiros disponíveis. Encarregava-se da logística e dos caminhos a percorrer. Excelente instrutora, principalmente para os namorados. Eles provavam o gosto da adrenalina, que os entorpecia. Ela, aniquilava-os nas escaladas, trilhas ou praias desertas, sem deixar pistas. Conseguia surpreendê-los. Sumia com os corpos - ação própria de psicopata e, também, de assassina. Saboreava as macabras vitórias. Nutria-se. 
As coisas praticadas e organizadas na mente crescem dentro da gente. Sejam boas ou más. Evolução inevitável. Ingratas, às vezes, são as consequências. 

Alfredo Domingos

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Crônica pequena, quase mínima


A Crônica é um tipo de texto narrativo curto, geralmente produzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc.
Além de ser um texto curto, possui uma "vida curta", ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos corriqueiros do cotidiano, de momento.
Portanto, elas estão extremamente conectadas à situação em que são produzidas, por isso, com o passar do tempo, ela “parece” perder sua validade, ou seja, ficar fora do contexto, mas certos registros, quase todos, são para sempre.
No Brasil, a crônica tornou-se um estilo textual bem difundido, desde a publicação dos "Folhetins", em meados do século XIX.
Nosso maior cronista, do Século XX, foi Rubem Braga.
Fonte de consulta: www.todamateria.com.br/cronica

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Nova York é “chinesa”! O chinês, oriental em geral, deixou de puxar carroça e de ser o motorista do patrão.

 Ele está, agora, no banco de trás do carro, trajando Armani.

O motorista passou a ser o moço louro, de olhos claros, de gravata e boné pretos, marcas da discrição e da submissão.

Houve inversão de poder, por vários motivos.

A sociedade, no mundo, mudou. Mudanças ocorrem, em cada pequeno instante.  


Alfredo Domingos

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Nova rodada de “aldravias”


Voltando a falar das “aldravias”, que são poesias curtas, como foi feito aqui no blog, em 6 de maio de 2015.

“Aldravia” relaciona-se com aldrava, um batente antigo de metal, com o qual se batia às portas, pedindo licença para entrar. Era comum a sua existência nos casarões de Mariana, Ouro Preto e outras cidades mineiras. Um grupo de poetas brasileiros, de Minas Gerais, iniciou maneira diferente de fazer poesia, por meio da “aldravia”.

São poemas curtinhos, objetivos, de seis versos univocabulares. Apenas seis palavras, condensando ideias, sem obrigação de rima. O cerne da “aldravia” é o conceito de metonímia, que dá oportunidade de tudo ser expresso com outras palavras, embora, isoladamente, tenham significados diferentes.

Vejamos nova rodada de “aldravias”:

Palavras
“Palavras
Vento
Leva
Mentira!
Palavras
Ficam.”

Brincadeira I
“Dedo
Mínimo
Pai
De
Todos
Brincadeira."

”Brincadeira II
“Fura
Bolo
Mata
Piolho
Outra
Brincadeira.”

Brincadeira III
“Sogra
Não
É
Passageiro
É
Carga!”
(autor desconhecido)

Coco
“Balança
Balança
Mas
Não
Cai
Coco.”

Mar
“Mar
Calmo
Não
Faz
Bom
Marinheiro.”
(autor desconhecido)

É...
“É,
Dedé?
Coisas
Não
São
Assim!”

Mudança
“Gatinho
Meu
Querido
Peste
Meu
Marido.”

Pedir
“Pedi
E
Vos
Será
Dado,
Certamente!”
(Jo 16,24)

 Revela-te
“Deus
A
Tudo
Acolhe
Revela-
Te!”

Alfredo Domingos