terça-feira, 9 de junho de 2015

Está ruim? Ajude!

Fonte da imagem: fotografia realizada pelo autor
(Bairro da Tijuca, Rio, RJ, em 28/4/15)
“O bom malandro enverga, mas não quebra!” - ditado de domínio público - pode ser inserido na ideia da fotografia acima. Embora a solidariedade seja o cerne.
A árvore, de aspecto frágil, tronco magro e copa rala, meio em crescimento, meio em derrocada, pedia socorro, ao menos, essa é a impressão. Estava em situação difícil, mais para quebrar, em função do forte curvamento.
Mãos salvadoras entraram para acudir. Providência complicada? A resposta é não! Um pouco de boa vontade, até utilizando uma ripa de madeira abandonada, e ficou resolvida a necessidade. Não houve sofisticação nem gasto de dinheiro excessivo. Ao contrário, a benquerença ao ser vivo esteve presente, com gesto simples e barato, sem recompensa alguma, a não ser a consciência leve. Pronto!
Eu, que apenas caminhava, observei e fiquei matutando durante o resto do percurso. Pensei alto: como é possível fazer muito! É só querer!
Não precisamos de grandes empreendimentos para participar. Estender a mão, oferecer palavra de conforto, dar aquele abraço, presentear com um bombom, ajudar na recuperação do telhado, colaborar na limpeza do terreno da escola, ensinar matemática ao sobrinho, orar para o bem de familiares e amigos, enfim, são infinitas as oportunidades de se manifestar ao próximo.
No meu antigo endereço, pude conviver com um vizinho bastante especial. Elias repetia a sua expressão-chave: “não tenho dinheiro, mas conte comigo”. Realmente, dispunha-se a cooperar em quaisquer hora e circunstância. Além disso, possuía ilimitada capacidade de fazer quase tudo. Habilidade era o que não faltava, o que facilitava muito.
Dessa forma, no espírito da doação de atenção, o dia a dia fica menos pesado. As facilidades tecnológicas atuais não diminuíram as nossas atividades. Enganou-se quem assim imaginava. As demandas são excessivas. Vamos atribuindo a nós mesmos uma infinidade de tarefas, o que sobrecarrega a agenda e o humor.
Resta-nos aprender a cooperar e a abrir espaço para que os outros façam isso também.     Não nos adianta a permanência isolada, no nosso recolhimento. Abrir as oportunidades aos demais é questão de inteligência. Refiro-me a dar chance para que nós sejamos ajudados e venhamos a receber os benefícios da colaboração.
Tenho comigo que ainda farei leitura dos meus textos para pessoas deficientes visuais, num trabalho que obterá ganho muito maior para mim, com certeza! Idealizo que poderá acontecer como contação de histórias, uma vez que as sei de cor e salteado, podendo haver uma relação no tom de bate-papo.
Tudo começou com a salvação da árvore, pois bem, não vou abandonar o foco. Realize para alguém ou para alguma coisa, se estiver ao seu alcance, como no dizer do samba, não custará nada ou quase nada! Verá que a recompensa emocional cairá no seu colo, e, ainda por cima, terá a gratidão de muita gente, animais e demais seres.
Alfredo Domingos

Tudo rápido! (a tecnologia empurrando você)


Contando com a mensagem muito oportuna do texto de Martha Medeiros, de 24/05/2015, trago à discussão a rapidez que é exigida, hoje, para tudo.
Martha tratou da saudade do e-mail, que era, tempos atrás, comunicação tranquila, reinando solitária, dando tempo para que você respirasse. Conseguia-se analisar o texto, pensar na resposta e finalmente responder.
No cenário profissional ou particular, é de bom senso ter oportunidade para embasar e concluir com propriedade.
O e-mail repousava à espera da solução a dar. Varava noite, sem pressa.
Com a chegada atabalhoada do celular, cada vez mais enxerido, que encontra o outro em quaisquer hora e lugar, do Face e do WhatsApp, principalmente este último, a coisa degringolou.
Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega! Não há jeito.
A exigência é a de ser acelerado. Você deve estar em cima do lance, sem pestanejar, e com a obrigação de fazer comicidade, ser espirituoso. A obrigação de viver no pique é cruel. Quando alguém diz que respondeu na bucha a alguma situação, não considero coisa extraordinária. Fico me perguntando se não é melhor abandonar a bucha e entrar na boa.
Nessa disputa pela informação, sobressai a entrega total, sem reservas. Revela-se tudo! Desde os aspectos cotidianos até as situações reservadas, que devem ser mantidas com maior zelo.
No uso do WhatsApp, acontece algo pra lá de sensacional, se não fosse trágico. Um pode não esperar o outro concluir. A conversa acaba sendo conduzida fora da ordem, com frases curtas, palavras cortadas, no esquema da ansiedade. Batalha-se com o vocabulário, claro, atropelando-se a Língua Portuguesa, sem piedade!
Há aqueles que defendem a forma descuidada, em nome do papo reto e ágil. Demorar com o qual sentido?
Respondo: a demora provavelmente leva você a verificar o que foi exposto pelo antagonista, a refletir, a explicar melhor, a ter cuidado com a redação, etc.
Quem gosta de escrever, prefere ter a chance de fazê-lo direito, com raciocínio e todas as letras.     
Martha Medeiros lembra, ainda, a insanidade do corretor de texto. Um desvairado, que conduz o usuário no caminho do absurdo. Não preste bem a atenção para ver o que lhe acontecerá!
Escrevo o nome carinhoso da minha filha, e sai “Clã”, no lugar de Cla.
Uma tia arriscou dedilhar o celular para nos cumprimentar pelo nascimento do nosso menino. Pois bem, escreveu “Vi a foto, que feiura”. Isto deu um quiprocó sem fim! Coitada da tia. Ela queria, gentilmente, passar a mensagem “Vi a foto, que fofura!”.
Então, o corretor atua descontrolado? Ou somos nós, com os poucos conhecimentos e a afobação, que contribuímos para o seu destempero?
De qualquer forma, é preciso cuidado. Calma, para não derrapar na conversa.
Existe a sensação de que estamos sempre atrasados! Corremos para aonde? E o pior: ficamos à espera, invariavelmente! Todos nós corremos, mas mesmo assim não cumprimos os horários e deixamos de complementar o que consta da pauta. Os sentimentos que nos invadem são o do esforço em vão e o da incompletude. Porém, continuamos no desespero.
Para finalizar, deixo a sugestão: promoção de um abraço coletivo na área da Lagoa Rodrigo de Freitas, já que está na moda, cujo cerne será a busca da CALMA. Será inusitado, mas necessário!
Concito a fazermos menos comunicação e a alcançarmos mais tranquilidade. O básico da vida é calmoso!
Alfredo Domingos

O amor não é pesado

 Fonte da imagem: www.ideiasnamala.com

Só pode haver erro! Não, de jeito algum, pode-se aceitar que o amor, em forma de cadeado, pese e comprometa a ponte de Paris, de Londres ou de Florianópolis. Mesmo que haja laudos intermináveis, carimbados e assinados, a renegação do amor não deve triunfar. Obrigar a retirada dos cadeados é providência forte! Trata-se de ato arbitrário, desconsiderando a força do amor, representado pelos sonhos de cada um dos casais, que, na euforia, tomou a decisão simbólica de dar bom presságio à união.
Que fosse reforçada a estrutura da Ponte das Artes (o nome conspira a favor do romantismo!), em Paris.
O que eram 45 toneladas em forma de amor?
Quase nada!
O Vice-Prefeito de Paris (convenhamos que “Vice” não é o mandachuva, mas fazer o quê?) alegou que os cadeados atrapalhavam a “estética” da ponte, além do abalo estrutural.
Começando pelo início, devemos dizer ao “Vice” que o amor jamais compromete a estética, a estática e a graça de qualquer coisa, ainda tratando-se de pedra e cimento. O amor, sobretudo, enobrece, acerta e complementa todos os empreendimentos.
A peraltice, que cercava o ato da colocação dos cadeados, obedecia ao ímpeto da benquerença, à irracionalidade sadia de quem ama. Ademais, constituía-se em procedimento de turista, que é um animado por natureza, inconsequente no melhor sentido.
A ideia do uso do cadeado pode ter tido origem, lá atrás, na segurança que ele transmite, o que tem a ver com o amor que se deseja para sempre.
Deixemos o recado, para terminar:
- Sr. “Vice”, era para ter mantido a invencionice. Certamente, o Sr. acharia outras maneiras de sustentar a ponte. O amor é extremamente leve, não se esqueça, experimente!

Alfredo Domingos

terça-feira, 2 de junho de 2015

O Fusca moderno

Fonte da imagem: www.opaua.com

- Que saudade de você, Juju!
É o sentimento que bate ao conhecer este grafite “andante”, num fusca, carrinho que me traz grandes e queridas recordações, dos nossos tempos de intenso amor. Éramos felizes e sabíamos, não?
Quantas aventuras, se é que podemos assim chamar aqueles inocentes passeios, infalíveis nos fins de semana. Para nós, ainda adolescentes, realmente pareciam coisas do outro mundo. Ríamos de tudo! Usávamos jaquetas e óculos escuros. Tudo muito dentro dos padrões do fim dos anos 1960 (ano do fusquinha azul - 1967). 
Para o lanche, a sua mãe preparava uma cesta com sanduíches, frutas e a garrafa térmica contendo suco de uva geladinho. Não existia fast food. 
De segunda a sexta-feira, eu preparava o carro para sairmos. Recebia tratamento caprichado, com direito a “cheirinho” de aroma lavanda. Pronto, ele ficava uma teteia! Brilhando!
Adorávamos subir as estradas do Alto da Boa Vista e do Joá, aqui no Rio. A sensação era de que estávamos absolutos, não havia obstáculos. Reinávamos a bordo do “Paschoal” (nome carinhoso dado ao fusquinha).
Realidade do passado. Sonhos de hoje.

Mas... Voltando à arte do presente, observamos, na imagem acima, o artista em plena realização da obra, utilizando extrema criatividade, dando show na escolha das cores. Ele é o conhecido “Alemão”, cujo nome é Anderson Ferreira Lemes.  
O intenso trabalho precisou de três dias; muitas latas de tinta spray; rolos diversos; e ilimitada inspiração, o que de fato importa. 
O carro, de 1973, exibirá arte em todos os cantos, sendo uma real exposição itinerante, ao alcance dos passantes! 

O resultado final, na imagem abaixo, possui tudo para agradar a qualquer pessoa:

Fonte da imagem:  www.ampliart.com (Galeria Ampliart, Poços de Caldas, MG)

Temos uma roupagem moderna, brilhante, instigante, misturando corneta, máscara, flores e outros vários símbolos artísticos. Que beleza! Que diferente!
Cumprimentos ao artista!
Este maravilhoso fusca e outros trabalhos do autor estão disponíveis aos aficionados, na Exposição “Sonhos Lúdicos”, da cidade de Poços de Caldas (MG). Vale a pena conferir.
Para concluir, preciso fornecer notícias sobre aquele fusca das estripulias de antes. O fusquinha azul foi passado à frente. Troquei por um de 1969. Depois, veio o de 1971. Na sequência, no entanto, parei de possuir fusca. Desandei o gosto. Andei traindo o famoso “VW” estampado no círculo. Tive outras marcas. 
Porém, atualmente, graças à venda feita por uma prima, há alguns anos, tenho nas mãos uma verdadeira “joia”. Trata-se de um fusca branco, imaculado, todo original, ano 1977; e podem ficar surpresos: o seu odômetro marca, em 2015, menos de 70.000 quilômetros. Pura verdade!
Falta esclarecer apenas um detalhe (será que é detalhe?). Sobre o destino de Juju, que protagonizou a história aventureira do primeiro fusca e abriu este texto. 
Para os meus botões, por inocência, a separação teve motivo bobo, ao menos achei. 
Ela revelou-se encantada, de estalo, por um tal de Fernando. Imagino que tenha preferido experimentar outras aventuras. De régua e compasso, pois não havia mochila, foi ao encontro da felicidade que acreditava estar ao seu alcance, em outro ponto. A partir daí, em pouco tempo, mudei de colégio e perdi o contato. Naquela época, não se gravava telefone no celular, e o velho caderninho foi perdido.
Talvez o relacionamento tenha deixado alguma marca. Não é conveniente negar. A circunstância de eu ter iniciado este papo com “Que saudade de você, Juju!” não é para subestimar. Há sentimento aí, quem sabe?!

Alfredo Domingos