quinta-feira, 14 de março de 2019

O quê procuram?



O quê procuram, hein? Eles mal sabem aonde circular. São os bebuns; rejeitados; descasados; desabrigados; desempregados; desenganados; destemperados; desabotoados; privilegiados; e tantos outros. Coitados, enfim!

Carentes, entre inúmeras coisas, de orientação, de qualquer origem. A necessidade urge por atendimento, pois é imprescindível que seja dada solução ou paliativo.

Não vamos descambar, achando que é doideira. Vamos compreender.

São errantes, vacilantes, incompreendidos e incapazes de entender.

Duvido de que, ao menor aceno, não caiam de quatro, em busca de socorro.

Trata-se de miscigenação de problemas, mais ou menos como descrito no samba famoso, de Martinho da Vila: “negros, brancos, índios, eis a miscigenação”. Só não dá samba! Permite, no entanto, intensa reflexão.

Os bebuns buscam apoio na bebida, na “marvada”, ficando desconectados, cada vez mais, da racionalidade das coisas. O outro efeito do álcool é o prejuízo à saúde. Não há escapatória. O álcool tal qual o cigarro aniquilam.

Os rejeitados são carentes por demais! A carência enfraquece, alargando os limites de tolerância. A pessoa fica tolerante ao extremo, sem medir as consequências.

Os descasados enfrentam, no mínimo de início, muitos problemas. Enquanto estes não são solucionados, a confusão é geral, além da perda afetiva e financeira.

Os desabrigados, falando da parte física, ficam literalmente sem chão. O sujeito sem o seu canto perde a referência. Normalmente, incomoda e é incomodado.

Os desempregados talvez sejam os que mais padecem. Sem o sustento, a negociação, de qualquer espécie, vai a zero. E a eterna procura pelo emprego depaupera o indivíduo.

Os desenganados podem ser os abandonados pela saúde ou os desiludidos. Ambos os tipos ficam desesperançados. O gosto amargo da inexistência de saída e a decepção cortam o ânimo, e acabam trazendo perigo à existência e a estabilidade emocional.

Os destemperados sofrem menos. Precisam de recomposição de gênio, ter paciência, saber tratar os outros. E pronto!

Os desabotoados sofrem menos ainda! Componham-se, meninos. Ajeitem-se. São semelhantes aos destemperados, dando um jeito, vão em frente. Ressalvo que a falta de botões está no cérebro, também!


Os privilegiados constituem raça à parte. Vivem à margem da dura realidade. Os privilégios cegam. Valem-se da assistência alheia, do “jeitinho”, este tão famoso entre nós. Entendem poder alcançar quaisquer intentos, sem esforço, de mão beijada, como se diz! Considero ser uma doença, que pertence ao favorecido e a quem favorece.
  

Todos os exemplos são casos de vitimização por um ou mais motivos. Não ocorrem ao acaso. Suas raízes são antigas e profundas.

Quanto aos “tantos outros”, serão vistos depois. Deixemos por conta do suspense!

Alfredo Domingos

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