segunda-feira, 16 de abril de 2018

Tempos sombrios




Feito a formação sebácea da acne do seu, do meu, rosto. Estamos envoltos pela escória a putrificar lentamente nossas entranhas e nossos pensamentos. 

 Atenção a isso! 

Os tempos são de cuidado, porque estão sombrios. Há perigo na esquina, nos becos. 

Qualquer coisa não deve nos empolgar. É alarmante ter que viver com o pé atrás ou a orelha em pé. Prevenção à flor da pele. Em alerta total. Mas é assim, nos dias que correm. 

Os dias estão assim - árduos. Relaxar é coisa do passado. As cenas bucólicas, arborizadas, com as pessoas felizes, com cestas de piquenique, desestressadas - passaram. 

As brincadeiras infantis, de carniça, de esconde-esconde, de pique-bandeira, de lenço-atrás, foram à falência, afundaram no desuso. Perderam encanto e interesse. 

As dificuldades ocultam as gargalhadas frouxas. Sobraram a nós os risos curtos e apertados. Aquilo que falávamos às escâncaras, hoje, transita à sorrelfa, pelas quebradas. Os abraços apertados minguaram. No extremo, são dados os tapinhas enganosos às costas. 

Cruel sina que nos apanha desarmados, lerdos na percepção sobre o que ocorre! 

Estamos todos cretinos. 

Perdemos a vergonha. 

Tudo pode, desde que seja para nós. 

Na marra, acostumamos a acostumar; ardilosamente, explicamos o inexplicável; e, cordatamente, aceitamos o inaceitável. Tudo por conta de: sonolência gigante; cegueira de quem enxerga; projetos pessoais; combinações escusas; e outros tantos motivos pra lá de maléficos. 

Insensato momento, pelo qual passamos, a nos fazer sofrer e a nos nivelar por baixo. A condição rasteira assumiu cotação máxima, infelizmente, quando deveria ser o mínimo admitido ou até recusado. 

Nos dias de hoje, toma corpo uma corrente contrária ao que está consolidado, efetivado e valendo pela tradição e pela norma. 

Desconstruir cabe nos problemas psíquicos, salvo outro conceito. Nas questões públicas, todo cuidado é necessário. 

O legislador cumpriu etapas, colocou em avaliação, montou grupos de trabalho, usou de experiência, calçou-se contra os imprevistos e as más interpretações, além do indestrutível poder da Constituição Federal; então, não é para tudo se perder, de hora para outra, nem se acabar na quarta-feira. Não existe interesse menor que possa superar o status quo, o que entendido está e funcionando para todos. 

Outra medida, que, aí sim, procede é a mudança para melhor e para a totalidade dos indivíduos, com respaldo, e sob a aceitação geral, por meio dos caminhos legais. 

Passamos por um marasmo de entusiasmo, de ideias e de atitudes. Estamos propensos a deixar o outro realizar ou os governos e as instituições. Isto é mau! 

Em compensação, nos bares, aumenta a horda de fracassados. Olhares vagos. Garrafas vazias amontoam-se. A desilusão domina as pessoas, embriagam-nas, fazendo-as tombar sobre as mesas, com braços esticados e mentes curtas. 

Caras acinzentadas! Discursos velhos! Problemas repetidos e insolúveis! Passos para nenhum lugar. 

Reajam, homens! Vivam! 

Alfredo Domingos

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