Regresso
Volta ao trabalho presencial - 20/05/2021. De início, bom sinal, que sugere saúde perfeita, para mergulhar no que há mais de um ano ficou adormecido. Vale lembrar-me da expressão batida, porém, com adaptação: levantar a poeira e recomeçar.
Reencontrar os colegas - muito boa sensação! Vê-los em "pé", que beleza!
Vida que segue, diferente, talvez não... A cada dia, fazemos de novo, com pandemia ou sem. A existência se esgueira, por caminhos largos, apertados, ensolarados, sombrios, assim vai, sem bula, papiro ou coisa semelhante. Viver já é uma maravilha! Com tropeços? Sim, claro. Mas levantar, também, faz parte. Cair e levantar, sempre!
Ao rever a minha sala, compreendi que as coisas têm a fotografia do dono e daquilo que se exerce. Comecei a derrubar a saudade dos pertences. Sem pressa! Isto e aquilo, tudo ali. Caramba, como o tempo produz uma nuvem na memória, que se dissipa aos poucos! Não atinamos de como o nosso jeito e trecos ficam marcados.
Li uns papéis, pensei: "escrevi estas bobagens?"
Olhei um objeto no canto, disse pra mim: "jogue isto fora, homem!"
Certamente, não pensaria assim antes da pandemia, mas devemos considerar que nós mudamos no bojo da Covid-19, e mudaríamos, eu acho, de qualquer forma. O passar do tempo e das circunstâncias nos levam para outros modos de entender e encarar situações, locais e objetos.
A bela camisa do passado, hoje é ridícula.
Um local visitado há anos, de ótimas recordações e muitas fotos, vira um lugarzinho qualquer.
A comida do restaurante tal, tão gostosa há tempos, virou insossa.
Sofremos transformações, e que bom!
Transformar é descobrir oportunidades e visões, boas ou más. Porém, acima de tudo é viver!
Alfredo Domingos
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