terça-feira, 2 de junho de 2015

O Fusca moderno

Fonte da imagem: www.opaua.com

- Que saudade de você, Juju!
É o sentimento que bate ao conhecer este grafite “andante”, num fusca, carrinho que me traz grandes e queridas recordações, dos nossos tempos de intenso amor. Éramos felizes e sabíamos, não?
Quantas aventuras, se é que podemos assim chamar aqueles inocentes passeios, infalíveis nos fins de semana. Para nós, ainda adolescentes, realmente pareciam coisas do outro mundo. Ríamos de tudo! Usávamos jaquetas e óculos escuros. Tudo muito dentro dos padrões do fim dos anos 1960 (ano do fusquinha azul - 1967). 
Para o lanche, a sua mãe preparava uma cesta com sanduíches, frutas e a garrafa térmica contendo suco de uva geladinho. Não existia fast food. 
De segunda a sexta-feira, eu preparava o carro para sairmos. Recebia tratamento caprichado, com direito a “cheirinho” de aroma lavanda. Pronto, ele ficava uma teteia! Brilhando!
Adorávamos subir as estradas do Alto da Boa Vista e do Joá, aqui no Rio. A sensação era de que estávamos absolutos, não havia obstáculos. Reinávamos a bordo do “Paschoal” (nome carinhoso dado ao fusquinha).
Realidade do passado. Sonhos de hoje.

Mas... Voltando à arte do presente, observamos, na imagem acima, o artista em plena realização da obra, utilizando extrema criatividade, dando show na escolha das cores. Ele é o conhecido “Alemão”, cujo nome é Anderson Ferreira Lemes.  
O intenso trabalho precisou de três dias; muitas latas de tinta spray; rolos diversos; e ilimitada inspiração, o que de fato importa. 
O carro, de 1973, exibirá arte em todos os cantos, sendo uma real exposição itinerante, ao alcance dos passantes! 

O resultado final, na imagem abaixo, possui tudo para agradar a qualquer pessoa:

Fonte da imagem:  www.ampliart.com (Galeria Ampliart, Poços de Caldas, MG)

Temos uma roupagem moderna, brilhante, instigante, misturando corneta, máscara, flores e outros vários símbolos artísticos. Que beleza! Que diferente!
Cumprimentos ao artista!
Este maravilhoso fusca e outros trabalhos do autor estão disponíveis aos aficionados, na Exposição “Sonhos Lúdicos”, da cidade de Poços de Caldas (MG). Vale a pena conferir.
Para concluir, preciso fornecer notícias sobre aquele fusca das estripulias de antes. O fusquinha azul foi passado à frente. Troquei por um de 1969. Depois, veio o de 1971. Na sequência, no entanto, parei de possuir fusca. Desandei o gosto. Andei traindo o famoso “VW” estampado no círculo. Tive outras marcas. 
Porém, atualmente, graças à venda feita por uma prima, há alguns anos, tenho nas mãos uma verdadeira “joia”. Trata-se de um fusca branco, imaculado, todo original, ano 1977; e podem ficar surpresos: o seu odômetro marca, em 2015, menos de 70.000 quilômetros. Pura verdade!
Falta esclarecer apenas um detalhe (será que é detalhe?). Sobre o destino de Juju, que protagonizou a história aventureira do primeiro fusca e abriu este texto. 
Para os meus botões, por inocência, a separação teve motivo bobo, ao menos achei. 
Ela revelou-se encantada, de estalo, por um tal de Fernando. Imagino que tenha preferido experimentar outras aventuras. De régua e compasso, pois não havia mochila, foi ao encontro da felicidade que acreditava estar ao seu alcance, em outro ponto. A partir daí, em pouco tempo, mudei de colégio e perdi o contato. Naquela época, não se gravava telefone no celular, e o velho caderninho foi perdido.
Talvez o relacionamento tenha deixado alguma marca. Não é conveniente negar. A circunstância de eu ter iniciado este papo com “Que saudade de você, Juju!” não é para subestimar. Há sentimento aí, quem sabe?!

Alfredo Domingos

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