sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Assim falam os boleiros


Fonte da imagem: www.radiodeverdade.com
Da esquerda para a direita: Sergio Américo (Tupi), Sandro Gama (Band), Sergio Guimarães (Transamérica), Eduardo Gabardo (Gaúcha) e Rogério Ribeiro (Transamérica) – 2013

Entre os esportistas, os jogadores de futebol, principalmente, têm um linguajar característico. De natureza simples, é o que se pode chamar de papo reto, direto, movido por poucas palavras. Porém, não são apenas eles, chamados de “atletas”, que assim procedem. As pessoas envolvidas com o esporte também se inserem no mesmo modo de falar, incorporando a forma de expressão dos jogadores. São estes os treinadores, médicos, massagistas, fisioterapeutas, árbitros, auxiliares do árbitro, comentaristas, narradores e repórteres.

O jeito peculiar da comunicação é reconhecido de imediato. Inicialmente, nota-se a dificuldade que o repórter tem em conseguir respostas à suas perguntas. Normalmente, o entrevistador esforça-se em conduzir a pergunta, facilitando ao máximo a resposta.

Um exemplo do malabarismo do profissional, após ter obtido por outras fontes todas as informações necessárias: - a tendência para o próximo jogo é que você volte à equipe, segundo revelou o médico do Clube, e assim ocupará posição no meio-campo, de acordo com o que o treinador externou, pela ausência do Pedrinho, jogador que executa a função, não é?

Resposta: - é...

São monossílabos, geralmente, tão somente complementando a abrangente arquitetura da pergunta.  Ou será que o repórter elaborou em demasia a pergunta, não dando chance a uma resposta também elaborada?

Fica nítido que a entrevista é na base do saca-rolha, a não ser que o craque queira desabafar ou reclamar de alguém, usar para si o momento. Aí, ele conduzirá a fala sem poupar palavras, às vezes ásperas, e com bastante entusiasmo.

O entrevistador comenta que atualmente há limitações extras, do Clube e do representante do jogador, no acesso para colher informações.

Outro óbice existente no mundo do futebol é que as coisas mudam a cada segundo, conforme declara o competente repórter Sérgio Américo, da Rádio Tupi. Dessa maneira, prever o que acontecerá na partida vindoura é tarefa difícil. A declaração dada hoje, por jogadores e dirigentes, pode não ter sentido amanhã.

No meio do processo, está o torcedor, ávido de notícias sobre o time do coração. Pregado na TV, na internet, no carro e de radinho ou celular no ouvido, nos estádios.

Para ilustrar, reunimos algumas expressões e palavras usadas costumeiramente pelos habitantes do planeta bola, que, afinal, dão graça ao esporte da nossa preferência:

- como eu falei;
- levantar a cabeça;
- o companheiro quer nos ajudar;
- prefiro não falar do árbitro, mas...;
- o “professor” pediu para...;
- estamos preparados;
- temos que pontuar;
- sairemos desta situação incômoda;
- zona da confusão;
- estamos focados;
- foi questão de desatenção;
- houve falha de posicionamento;
- entrar no G4;
- sair do Z4;
- conto com...;
- temos tudo para melhorar na tabela;
- o objetivo é sair na frente;
- voltar melhor no segundo tempo e virar o jogo;
- o jogo está equilibrado;
- vamos lá;
- sofrimento;
- pressão;
- raça;
- superação;
- recuperação;
- descansar;
- paciência; e
.
.
.
.
- Conte o que você viu, aí atrás do gol, Aquiles Júnior! – disse o narrador, após um emocionante lance, passando a palavra ao repórter de campo.

Alfredo Domingos

Nenhum comentário:

Postar um comentário