sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Paixão de Carnaval


Soninha, mais do que passista da Escola de Samba, é bailarina nata. Cheia de dengos, com divinas formas corporais. Frequentadora assídua das quadras de samba.
Ele, aquele verdadeiro “nerd”, por conta dos aprofundados estudos.
Pintou o amor. O lúdico se aliou ao sério.
A época era de quase carnaval. Faltava pouco tempo para a grande festa da Sapucaí.
Os ensaios da Escola foram intensificados. Motivação a mil. Os dois inseparáveis.
Finalmente, chegou a hora do desfile!
Ela surgiu linda, dentro de um biquíni de pedras coloridas, que davam luminosidade à menina-deusa. Como madrinha da ala poderia bailar aonde quisesse, mostrar o samba no pé com desenvoltura, ser uma estrela.
Ele não tinha como desfilar. Não pertencia àquele mundo. O seu universo era outro. Mas havia a vontade de acompanhar a amada.
Como último recurso para resolver a situação, foi feito o pedido à diretoria para que desse um jeito. A solução veio.
Aos poucos, o desfile foi acontecendo, ocupando espaços com o deslocamento dos componentes.
A passarela do samba encheu-se de música, brilho e cor. Tudo era mágico!
Ele desfilou. Sim, senhor!
Foi “no chão”, empurrando o principal carro alegórico. Igual aos outros rapazes da comunidade.
Inicialmente, constrangido, até envergonhado. Depois, solto, leve, arriscando uns passinhos. Terminou jogando beijo para a plateia. Alcançou a liberdade que a felicidade permite!
O que parece incompatível pode resultar em boa liga. Bastam compreensão e espírito desarmado.

Alfredo Domingos

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