segunda-feira, 11 de abril de 2016

No cordão de Noel


Seu Noel, oh, seu Noel!
Ando Cismado, vacilando.
Confidenciei a desdita Ao Meu Amigo Edgar.
Ele estranhou, perguntando:
- Por que bebes tanto assim, rapaz?
E complementou: - Se é por causa de mulher, é bom parar. Porque nenhuma delas sabe amar.
Sei que sou um Bom Elemento,
Mas, Cansei de Implorar, Cansei de Pedir.
Não posso, porém, dar a impressão de ser Capricho de Rapaz Solteiro.
As emoções nos varrem como Chuva de Vento. Fazer o quê?
Bem sabemos que o Coração é o grande órgão propulsor.
- Coração, és o cofre da paixão. É o que tenho a dizer. Não é desculpa, não.
Quero ser firme, sem tremer ou tartamudear,
Conseguir, enfim, ser o Dono do Meu Nariz.
Enquanto isso, preciso impedir o Disse-me Disse.                
Todos acham isso ou aquilo. Falar é fácil.
Na real, Quem acha vive se perdendo,
Por isso agora eu vou me defendendo.
Em compensação, A filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim, nesta prontidão sem fim.                                         
Devo tratar de Esquecer e Perdoar, para uma vida melhor levar.
Nunca... Jamais vou desanimar, e uma boa saída está no samba.
Assumo que o Batuque é um privilégio.
Ninguém aprende samba no colégio.
Tenho que dizer, modéstia à parte, eu sou da Vila.
Ademais, o nosso Martinho, sábio, já escrevinhou:
Sambar na avenida, de azul e branco, é o nosso papel,
Mostrando pro povo que o berço do samba é em Vila Isabel.

E nessa onda eu vou, esbaldando-me, jogando a tristeza pro alto...
Seguindo e reverenciando os bambas, como você, mestre Noel Rosa.

Alfredo Domingos

Nota: as partes do texto em Itálico são trechos de músicas de Noel Rosa e de Martinho da Vila.

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