sexta-feira, 29 de abril de 2016

Meninos para hoje e sempre

 
Fonte da imagem: https://pt-br.facebook.com/ (Autor Desconhecido)

No acervo da MPB, destaco a música, de Rildo Hora e Sergio Cabral, com o título “Os Meninos da Mangueira". Estes, levados e sonhadores, muito apropriadamente, estão por todos os cantos, cumprindo venturas e aventuras. Da Mangueira ou não, do asfalto ou da comunidade, são apenas garotos. Emissários de São Jorge (repare na imagem que três deles trazem calções vermelhos – a cor do Santo, talvez ao acaso), com suas lanças simbólicas, de esperteza e de valentia.

A imagem aqui estampada merece comentário mais apurado.  A começar pelo pano de fundo, profundamente lúdico, que apresenta meninos ao lado deles mesmos, com o auxílio do grafite na parede. Genial!

De início, uma coisa salta aos olhos: a criatividade. Está clara a iniciativa de parceria entre os travessos e o grafiteiro, que, por sua vez, bem projetou tipos característicos do lugar.

Na obra, os detalhes foram caprichados, representando a intenção de misturar criaturas e cenário, de dar linha à pipa, afinal. Na caricatura, atentamos para ombros encolhidos, quase ocultos; barrigas proeminentes; pernas fininhas, tais e quais cambitos; pés desproporcionais; bocas gulosas e grandes, embora fechadas (dentes não à mostra, ao contrário de um dos meninos, apenas); e, fundamentalmente, foi deixado espaço entre os dois personagens.

Será que o artista previu a junção de seus modelos com os meninos? Sorrateiramente, saiu em defesa da boa molecagem? Vai saber... (só falta coincidir que o próprio é o fotógrafo, para ganhar uns trocados. Neste caso, temos estúdio e tripé prontos!)

Os garotos, na parede ou ao vivo, são do presente. Em tempos de que tudo é do amanhã, a meninada e seus interesses são para já. O presente arranha a zona de conforto, sendo implicante, contudo, sábio. Olhemos para os vivos: risonhos, peraltas, destemidos. Mas carentes. Sedentos de mim, de você e de todos. Ávidos por soluções para problemas que nem sei se são conhecidos na sua grandeza.

A infância e a juventude, abalroadas pelas necessidades, atropelam as “providências cabíveis”, das “autoridades competentes”, de cujos relógios saem horas defasadas em relação à pressa, que é ansiosa por demais!

Geralmente, nas situações mais delicadas surgem as respostas salvadoras, originais, produzidas no puro empenho. A mensagem do grafite é a de proporcionar união, deixando vãos a preencher, com qualquer um, da forma que pintar – sem trocadilho.

Então, cabe à comunidade promover a integração. Que maneiro!

“E o menino da Mangueira
Foi correndo organizar
Uma linda bateria.”

Este pequeno trecho da canção reproduz singelamente toda a esperança almejada pela sociedade: cada menino ter o seu sonho concretizado e obter algo, seja organizar uma bateria ou outro empreendimento que lhe for conveniente. Não importa o objeto a alcançar. Indispensável é a conquista!

Para concluir, perceba que interessante e grandiosa é a colocação do nome “Jesus”, no alto de tudo, sem arte alguma, porém, no sentido de abençoar as ações por ali conduzidas. Amém!

Alfredo Domingos

Um comentário:

  1. Impressionante ver como o grafite revela e retrata a realidade, na bela observador do autor da imagem. Pode-se conjecturar tanta coisa a respeito dos detalhes dessa foto... O sorriso dos garotos, os pés com chinelos velhos, as barrigas proeminentes... Tudo isso foi bem descrito e detalhado pelo escritor do texto. Ótimo texto!

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