terça-feira, 24 de maio de 2016

Com quantos símbolos se faz um fusca?

 
Fonte da imagem: http://pin.it/Uuy8Gs4

Dizem, em tom ameaçador:
- Você verá com quantos paus se faz uma canoa!

E eu, aproveitando a sentença popular, emendo:
- Você verá com quantos símbolos se faz um fusca!

Aliás, faço o meu protesto, indignado, contra o pouco caso que as pessoas, geralmente, demonstram em relação ao carro mais charmoso que já surgiu. Ao menos, eu acho! Pronunciam com desdém:
- Pode largar o carrinho ali mesmo, no fundo; e
- Deixe em qualquer lugar, tanto faz.

Estas barbaridades são de detonar o orgulho dos proprietários. São de arrasar quarteirões.
Costumo dizer que se você tiver muito dinheiro poderá comprar qualquer carro, seja uma Mercedes ou um BMW, até zero quilômetro, porém, em relação a um fusquinha nota dez, joia rara, somente ocorrerá a venda se o dono estiver abilolado. Afastando esta hipótese, não há acordo.
O autor do fusca estilizado foi muito feliz na bolação. Foram utilizados sinais de pontuação, da Língua Portuguesa, e emoticons, usados na informática. Qualquer criação cuja inspiração é o fusca dá certo, ainda mais se são usados bom humor, pesquisa e inventiva.
Se pensarmos bem, ele tem todas as características para desagradar: pequeno, duas portas, sem conforto, sem ar condicionado e direção hidráulica (quando é original), arredondado de fio a pavio, capacidade limitada de bagagem, teto baixo na parte de trás, entre outras coisas (quer mais?), porém, agradou, e conquistou milhões de admiradores no mundo todo.
Sua logomarca é exitosa e inconfundível, tendo força de marketing para bem indicar tudo relacionado ao carro, de imediato:

  Fonte da Imagem: bashooka.com
Volkswagem - o carro do povo
(Volks – povo, em alemão)
(Wagen – carro, em alemão)

Foi concebido e construído na época da Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, para alcance popular, tendo como vantagens suas características principais de economia e robustez. Passou, depois, a ocupar as cidades, em plena paz, feito praga, de cá pra lá, entrando e saindo de qualquer espaço, estacionando com facilidade, subindo e descendo, às vezes levando gente muito além da sua capacidade e, vitalmente, sem enguiçar, em função da mecânica bastante simples. Estranho fenômeno! (somente é inadmissível chamá-lo de “carrinho”)
Ao lançar mão de sinais e afins, o criador do nosso invulgar fusca usou toda a pista, para, com pouca coisa, representar perfeitamente não só o aspecto como o espírito gozador e abelhudo do carro.
Olhando de frente, a impressão que brota é a de uma cara gorda, de faces largas, de um sujeito bonachão, e ao mesmo tempo travesso.
As bochechas são marcadas pelos parênteses, para oferecer os contornos e abrigar os olhos grandes. Estes olhos, os faróis, estão mais para o número zero do que para a letra o, trazendo o ar de enxerido, que de tudo quer saber ou quer ver, e para cumprir, obviamente, a missão de iluminar muito, e longe.
Barra e barra invertida dão forma aguda ao capô, com dois travessões espaçados em baixo, recebendo o marcante ponto de exclamação, que representa o friso central. A exclamação acrescenta traquinagem ao modelo, tendo um papel de protagonista, pois se encaixa perfeitamente no espírito jocoso que, por si só, o carro possui. (interessa notar que nem foi necessário ornar o capô com o emblema da Volks)
O para-brisa não faltou! Repetiu-se o uso dos parênteses, incluindo na base três travessões. Não foi preciso consolidar o teto! As curvas dos parênteses fizeram o serviço.
Os retrovisores estão presentes, por meio dos pontos, um de cada lado, que no meu entendimento não cumprem a sua missão essencial, a de finalizar. São dois brincos deslocados, que desprezaram a linha dos olhos à procura das orelhas, compatíveis com a modernidade, compondo a tal cara vislumbrada acima.
Poderia ser comentado que faltam os limpadores do vidro, os piscas sobre os faróis, o para-choque, mas todos estão subentendidos, deixando a imagem mais “clean”, sem tantos detalhes para poluir a concepção, pra lá de enxuta.
Ao finalizar, deixo caraminhola na cabeça do leitor. Uma questão serve para inquietar a vida e concluir com graça o texto.
Há um senão no nosso fusca!
Erro, de verdade! Proposital ou não. Não sei...
Olhe bem! Coloque na mente um fusca das antigas. Analise-o.
Não há pressa.
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Atente para os penduricalhos.
Os segredos e mistérios podem estar nos pequenos tamanhos.
Nem desconfia? Já gastou o bestunto?
Tristeza!
Acabo com o mistério?
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Vou revelar, então: o fusca original nasceu com um único retrovisor! O da esquerda. Lembrou-se?! (daí, o sublinhado feito em “um de cada lado” - foi dada a dica!)
KKKK! (linguagem frequente no WhatsApp – indica muita risada, gozação endereçada ao outro, o que peço licença para fazer agora com o amigo – não me leve a mal!)

Alfredo Domingos

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