segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Picadeiro do circo e das letras

A escrita para mim é um picadeiro, no cenário do circo.
Faço malabarismos,
Pulo,
Balanço,
Arrisco,
Vou às alturas,
Desço ao chão,
Mas não há rede,
É sem proteção.
São os sonhos que dão o ritmo,
Regidos pela inspiração.
Aí, vamos!
A vertigem desequilibra,
As luzes passam brilhantes,
No girar incessante,
O foco oscila.
Anestesia para corpo e alma.
O chão se envolve com o teto,
Num vaivém.
O tombo, às vezes, significa voltar,
Para refletir e recomeçar.
Refazer e corrigir o texto dói, porém, constrói.
Você escreve numa ladeira:
Ora sobe, ora desce,
Frases brilhantes, parágrafos medíocres.
O trapézio vai e volta,
Sobe e desce.
A vida no picadeiro tira o fôlego,
A vida nas palavras atua igual.
Cometemos excessos do mesmo jeito.
Há sustos aterrorizadores!
Incríveis são as descobertas!
Urge a cabeça erguida para a nova subida,
É necessário melhor elaborar as sentenças.
Colocar o ponto final é pousar,
Aterrissar em terra firme.
Mas também penso se existe essa terra.

Alfredo Domingos

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