O fotógrafo Julio Bittencourt, no sábado, dia
4 de maio de 2019, teve alguns dos seus trabalhos colocados no Segundo Caderno
de O Globo, página 2. O tema das fotos me interessa, assim resolvi conversar
sobre ele.
Dentre as fotos escolhidas para comentar
estão duas de várias pessoas, no vagão do metrô de Tóquio e uma contendo
verdadeira multidão, numa piscina na China.
O título acima, deste texto, reproduz bem o
que quero comentar. Embora acompanhados, estamos nos acostumando à solidão.
Rodeados de indivíduos, assumimos um vastíssimo isolamento.
Nas grandes cidades, as residências estão
cada vez menores, assim como os espaços de trabalho estão compartilhados,
porém, isolando o indivíduo no seu casulo, o que reduz a companhia e a troca de
palavras e de sentimentos. Aí, entram, de chofre, o celular e o iPad. Ocupando
o vazio, que não existia, mas criando uma fuga para novos locais e pessoas,
fora dali, embora sejam importantes veículos para a comunicação.
No metrô de qualquer cidade, a cena mais
comum é os viajantes estarem sós. Os grupos de conversadores são vistos em
minoria. Estão indo ou vindo de algum lugar para outro, quase sempre com suas
cabeças funcionando, longe daquela circunstância. O celular ocupou muito dos
espaços mentais pensantes. Deixamos a condição de vagar com os pensamentos, para
produzirmos sonhos e castelos. Estamos passando por situações de vazio, mas
preenchendo-as com coisas e assuntos alheios, globalizados e passageiros. O
novo está difícil! Repassam-se cliques e conversas, sem o devido proveito, sem emitir
opinião séria. O pitoresco instalou-se. O que não se enfrenta em troca de
risada sem graça? Lá quero conhecer o prato do qual você fartamente se abastece
no restaurante da moda? Não preciso conhecer o filho da irmã da namorada do
sobrinho, que acabou de nascer, ainda tendo que concordar que o pequeno é a
cara da avó.
E assim, vamos tropeçando nas cabeças alheias
que produzem matérias que não nos interessam.
E as relações próximas como ficam? E o
companheirismo e a troca de confidências? Isso tudo ficou para as calendas
gregas?
Alfredo
Domingos
Nenhum comentário:
Postar um comentário