A lua é dos namorados
Faço pães, esculpo pães
Confeito-os com creme
São os tais pães doces.
Penso na amada
Que nem reconhece em mim o amor.
Deixo um exemplar, todos os dias, na janela da casa azul
A casa dela é azul.
Passo de volta e vejo que o pão foi retirado
Que bom, ela pegou-o!
Levou um pedaço de mim
Pelo tanto de dias, somados devem ter o meu tamanho.
Falei com ela
Malvina, finalmente, trocou palavras comigo
Soube do dono dos mimos
Expliquei do meu ofício.
As tardes, ainda que de poucos momentos,
Passaram a ser nossas.
Ela procurou-me entre os pães.
De alegria, morri e nasci, queria gritar. Jorrar farinha branca, enfim.
O cheiro do pão assado tornou-se inodoro
Ficou o seu perfume.
Os dois odores não convivem no mesmo espaço
Não há chance.
Estamos bem próximos
Toquei em suas mãos. Beijei-lhe a testa.
O amor está crescendo como a massa
É preciso que crie corpo. Que apareça.
Até, que ouvi de Malvina uma coisa linda!
Quer saber?
Ela falou da imaginação em presentear-me com a lua
Sou louco pela lua, que é dos namorados.
Então, disse-lhe quase sem forças, lotado de amor: - Traga a lua se for capaz.
Venha com ela debaixo do braço
Do jeito que faço com a bisnaga de pão, a mais gostosa.
Alfredo Domingos
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