segunda-feira, 1 de julho de 2019

Abstenção



Os escritos de Martha Medeiros têm me inspirado. Caso do que foi incluído, em 30 de junho de 2019, na revista Ela, de O Globo.

A crônica da escritora aborda o “jejum”. Ela faz menção ao jejum físico, ligado à dieta. Mas falo, agora, do jejum dos sentimentos ou existencial, também abordado por Martha. 

Passar algum tempo, de sua escolha, diariamente, sem cometer deslizes, atitudes impróprias, ou mesmo não pensar neles é medida salutar. Experimente. Irá fortalecê-lo, fazendo bem a você e a outros, além de ser tarefa relativamente fácil, diante de desafios mais árduos.

Aponto parte dos deslizes e seus respectivos consertos, num universo grande, que nos rodeia. São ações e pensamentos em que podemos treinar para simplesmente afastar ou não incorporar a nós.

Acusar. Se não consigamos defender, não se faça o ataque. Direcionar o dedo, condenando, é procedimento reprovável, mesmo que haja razão. As situações acabam por ser sanadas. 

Mentir. Use sempre a verdade, mesmo que seja doída.

Intrigar. Não joguemos pessoas contra outras. Não usemos a maledicência.

Destoar. Não sejamos os únicos a ter razão no grupo. Ouvir é de bom-tom. Deixemos a maioria decidir, será conveniente. Não contrariemos apenas por gosto, para implicar. 

Agitar. Espalhar agitação. Incitar à baderna, principalmente quem está quieto, é maquiavélico. Façamos a paz reinar.

Ansiar. Evitemos causar ansiedade. Não tiremos o equilíbrio de outrem. Evitemos espalhar o medo.

Amaldiçoar. Não criemos sentimentos de maldade, que inspirem lançar mão da execração.

Impacientar. Não percamos a paciência. Geralmente, a irritação é companhia perversa, o que não ajuda.  

Extirpar. Não expurguemos alguém do nosso convívio. Por mais erros que sejam observados, conciliemos, tentemos a remição.

Incomodar. Retirar pessoa da sua zona de conforto, somente se for por causa nobre, para incentivar. Tumultuar, não. Usar de chatice, dessas comuns, reconhecida por todos, não.

Orgulhar. Sentir orgulho desmedido. Não devemos nos apoiar na arrogância, no mandonismo.

Praticando os remédios certos, notadamente no período de abstenção ou de jejum, nossas vidas mudarão. Não haverá arrependimentos. A convivência será tão sadia, que nós notaremos a onda melhor que se formará. Quanto aos demais, nem precisaremos comentar, estaremos surfando nessa tal melhor onda, atraindo benquerença.



Alfredo Domingos

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