Coisas que você matuta e rói, corroendo o seu íntimo. Nos momentos de solidão ou perto disto. Fazer a barba é um exemplo. Dirigir o carro é outro.
Então, damos asas às expectativas, às tristezas, às dúvidas, aos sonhos, às reclamações e às matérias semelhantes.
Falamos sozinhos, no recolhimento dos pensamentos. Argumentamos. Negamos. Concordamos. Rimos. Choramos. Todas as reações, enfim! Negociação sem oposição, a não ser de nós mesmos, que somos nossos adversários implacáveis. Sem trégua.
Embora venhamos a abrir as preocupações mais recolhidas a outras pessoas, por dilema ou insegurança, a decisão é sempre solitária. Não há coadjuvante de peso, que divida a responsabilidade. Aliás, esta não é delegada a alguém.
As opiniões são várias, veementes, públicas ou veladas, no intuito de oferecer a solução salvadora, cujo problema não lhes pertence. Dessa forma, é fácil! Aí é que mora o perigo! Afinal, palpitar descompromissadamente não custa nada ou quase nada. Quero ver quando o deles estiver na reta.
Existe corrente de pensadores que defende o deixar fluir. Argumenta que o rio segue para o mar, e que mais tarde ou cedo, por si só, a tormenta, que atormentava, amaina. Muita intervenção prejudica o raciocínio, mascara o caminhar das questões. Dou-lhe razão.
Por outro lado, estão aqueles que lembram da máxima de que devemos correr atrás, estarmos diligentes, interferindo, etc. Até, acrescentam que, ao dormirmos no ponto, o jacaré abraça. Não é que também dou crédito?!
Bem, uma postura é certa: seguir a consciência.
Pensou e pesou, decida. Vamos que vamos!
Depois, verificaremos o resultado. Outra história começará.
O que não podemos, no entanto, é buscar martírio naquilo que já se sucedeu. Não!
Alfredo Domingos
(o título era usado pelo escritor e diplomata José Guilherme Merquior em suas colunas de jornal)
"...a não ser de nós mesmos, que somos nossos adversários implacáveis..." Essa frase traduz uma das maiores verdades da vida...
ResponderExcluirObrigado, Diego. A luta interna é grande, mas vamos que vamos!
ResponderExcluirAbração, Alfredo Domingos.