quarta-feira, 13 de maio de 2015

A vida das ideias

Coisas que você matuta e rói, corroendo o seu íntimo. Nos momentos de solidão ou perto disto. Fazer a barba é um exemplo. Dirigir o carro é outro.
Então, damos asas às expectativas, às tristezas, às dúvidas, aos sonhos, às reclamações e às matérias semelhantes.
Falamos sozinhos, no recolhimento dos pensamentos. Argumentamos. Negamos. Concordamos. Rimos. Choramos. Todas as reações, enfim! Negociação sem oposição, a não ser de nós mesmos, que somos nossos adversários implacáveis. Sem trégua.
Embora venhamos a abrir as preocupações mais recolhidas a outras pessoas, por dilema ou insegurança, a decisão é sempre solitária. Não há coadjuvante de peso, que divida a responsabilidade. Aliás, esta não é delegada a alguém.
As opiniões são várias, veementes, públicas ou veladas, no intuito de oferecer a solução salvadora, cujo problema não lhes pertence. Dessa forma, é fácil! Aí é que mora o perigo! Afinal, palpitar descompromissadamente não custa nada ou quase nada. Quero ver quando o deles estiver na reta.
Existe corrente de pensadores que defende o deixar fluir. Argumenta que o rio segue para o mar, e que mais tarde ou cedo, por si só, a tormenta, que atormentava, amaina. Muita intervenção prejudica o raciocínio, mascara o caminhar das questões. Dou-lhe razão.
Por outro lado, estão aqueles que lembram da máxima de que devemos correr atrás, estarmos diligentes, interferindo, etc. Até, acrescentam que, ao dormirmos no ponto, o jacaré abraça. Não é que também dou crédito?!
Bem, uma postura é certa: seguir a consciência.
Pensou e pesou, decida. Vamos que vamos!
Depois, verificaremos o resultado. Outra história começará.
O que não podemos, no entanto, é buscar martírio naquilo que já se sucedeu. Não!

Alfredo Domingos
(o título era usado pelo escritor e diplomata José Guilherme Merquior em suas colunas de jornal)




2 comentários:

  1. "...a não ser de nós mesmos, que somos nossos adversários implacáveis..." Essa frase traduz uma das maiores verdades da vida...

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  2. Obrigado, Diego. A luta interna é grande, mas vamos que vamos!
    Abração, Alfredo Domingos.

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