Nesta época carnavalesca, faltando uma semana
para Momo entrar em campo, jogar-se na passarela do samba, vêm à cabeça muitas
histórias ocorridas, levando o carnaval como pano de fundo.
Reginaldo era um faz-tudo na empresa. Prestativo.
Engenhoso. Sempre disposto a fazer as tarefas rotineiras e os imprevistos,
também. Era meu subordinado no Departamento de Serviços Gerais, verdadeiro pau
para toda obra.
Não fazia questão de sair no horário, nem, em
consequência, apontar hora extra. Não vivia a exigir os tais direitos
trabalhistas. Ao contrário, nós tínhamos que zelar, para que não fosse
prejudicado.
Outubro ou novembro, no ano passado, Reginaldo
passou três dias sem comparecer ao serviço. Preocupou-nos, além de gerar muita
necessidade para as soluções dos problemas que caíam sobre os seus ombros.
No quarto dia, finalmente, veio para
trabalhar.
Com a calma de sempre. Sorriso escancarado na
boca. Seu tradicional gingado no andar. Confraternizando-se com todos. E,
finalmente, apresentou-se para as explicações.
- Seu Cristóvão, sei que estou no erro. Pode
me descontar no salário, pode, até, mandar em embora. O motivo foi campeão. Estou
feliz!
- Como, homem? Quer ser mandado embora do
emprego? E que motivo "campeão" foi esse?
- É, isso mesmo! O meu samba, lá na Escola,
foi o escolhido, ficou como campeão para o grande desfile. Representará as
cores da querida de Raiz da Serra.
- Tome tento, Reginaldo! Um dia você vai se
arrebentar por causa do samba.
- Que nada. Samba é samba, do meu coração! Maior
amor!
- Farei uma coisa com você. Pela sua sinceridade
e honestidade de caráter, que, aliás, eu já as conheço, vou perdoar. Você é bom
de trabalho, e eu não devo desconsiderar o seu desempenho.
- Apenas, resta uma coisa a esclarecer. O
porquê de você faltar três dias.
- Simples, meu chefe! Bebi todas no primeiro
dia, quer dizer; durante toda a noite e no dia seguinte, necessitando de descanso
nos outros dois dias. Foi assim!...
Alfredo
Domingos
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