“Manhã auspiciosa acolhia contingente enorme de usuários do motel “Emoções”, bairro da Glória, cidade do Rio. Tudo dentro da confidencialidade e da tranquilidade. De repente, barulhão de tiros, bombas, ..., não sabiam o quê. Poderia ser assalto, inclusive. A curiosidade e o medo tomaram conta. O primeiro casal que chegou à janela gritou:
- Caramba! É um estrondo vindo do Aterro do Flamengo, na direção do Monumento aos “Pracinhas” (vitoriosos soldados brasileiros da 2ª Grande Guerra).
Outro casal, já engajado, acrescentou:
- Gente, são salvas de canhão. Alguma cerimônia militar deve estar acontecendo, no Monumento.
Pouco a pouco, as janelas foram abrindo-se, e mais pessoas tomando conhecimento.
Ideias diferentes surgiram, mas as salvas restaram em consenso. Havia fumaça no ar. Motel e Aterro do Flamengo são próximos.
A coisa tomou vulto, e, em instantes, todos se falavam pelas janelas vizinhas, discutindo sobre o assunto. O que era reservado, em recolhimento, tornou-se papo entre companheiros, ostensivamente. A conversa íntima de travesseiro tornou-se pública e estrondosa.
Foi revelado que algumas moças trocaram batons. Quer dizer, a situação degringolou. O gran finale foi quando dois casais fizeram brindes com champanhe, no cantinho entre duas janelas.
A gerência, então, deu início ao “toque de recolher”, pelo telefone interno, pedindo que desistissem da exposição.
Por último, um lençol branco foi estendido num dos apartamentos, na fachada do edifício, incitando o simbolismo que permitiu saudar as salvas ou discordar delas, clamar pela paz e louvar o amor.”
Sentado no bar de costume, tendo a minha companhia e a de várias cervejas, o parceiro Adroaldo Frade resolveu contar essa história, que aconteceu com “o amigo do amigo” – vá saber quem, realmente, foi o verdadeiro agente do relato...
Aliás, cabe explicar a origem do sobrenome: o avô de Adroaldo, em Portugal, teria sido Frade, daí o parentesco. Uma dúvida: Frade pode vir a ter neto? Deixe pra lá!...
= Alfredo Domingos =
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