Nos chamados primeiros anos escolares, a professora passou redação, valendo nota, sobre o último fim de semana.
Depois de alguns dias, ela pôs-se a divulgar as notas, em voz alta, chamando, da maior para a menor, cada aluno. No decorrer, chegou ao 5, e não me convocou. Eu disse a mim, em segredo:
- Caramba! Ferrei-me. Não devo ter saído do zerinho.
Todas as notas foram comunicadas, exceto a minha. Tempo... A pausa serviu para que o último aluno fosse informado sobre a sua redação. Aí, a professora, de nome Adelaide, disse à turma:
- Separei uma redação para destacar o emprego de palavra incomum, com uso de criatividade. Parabenizo o seu autor – aluno Alfredo Domingos. Refiro-me à palavra “convescote”.
Lancei mão de “convescote”, sim, tirado sabe-se lá de qual baú. Mais tarde, pesquisa revelou que tal vocábulo foi cunhado por Antônio de Castro Lopes, filólogo e poeta brasileiro.
O meu fim de semana foi ilustrado com palavra estranha e desusada. Fiz para dar graça, usando o sinônimo aportuguesado do termo estrangeiro “piquenique” (de origem francesa: pique-nique), esse o mais utilizado. Aliás, Castro Lopes também quis substituir a palavra “futebol” por “ludopédio”. Claro, que não teve êxito!
E qual foi a minha nota? Bem, pouco me lembro do grau. Ficou, qualquer coisa, na casa do oito.
Vale comentar que, a partir daí, tomei gosto. E, agarrei-me à carroceria do caminhão da Língua Portuguesa. E, ainda, estou. E, fazendo parte do bando dos passageiros. E, todos convivendo com a gramática e a ortografia, essa expondo a magia das palavras, que, afinal, têm vida.
= Alfredo Domingos = (setembro de 2023)
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