(imagem ilustrativa de:
madeiramadeira.com.br)
Recordando diálogo ocorrido durante a ingrata pandemia da COVID-19, em maio de 2020:
A camisa:
- Psiu! Psiu!
- Poxa! Não saio deste armário de roupas há séculos. O nosso dono não irá se tocar?
A calça respondeu:
- Oi! Vá dizendo! Não sei, não. Estou aqui “dobradamente”, no cabide, no mesmo perÃodo. Você, ao menos, está esticada, pendurada.
- Ouço reclamações dos sapatos, estacionados embaixo. Eles queixam-se de não pisar em lugar algum, a não ser ali, no andar inferior, e clamam por “um ar”.
- Algo muito sério está em processo. Certamente! Imagine se o nosso dono foi demitido do emprego. Que horror!
A camisa, então, prosseguiu:
- Não sei... Só tenho certeza de ele não sai de casa. Será que se isola de alguma coisa grave, do tipo de uma peste?
- Existe outro sinal estranho: o cinto adormece preso, de ponta-cabeça, oh, faz tempo, igual a nós.
- Vejo as bermudas assanhadas, circulando. Também, há a tal camiseta amarela, sendo usada, sem sossego, pelo moço.
- As sandálias de borracha não param! Andam de lá pra cá. Às vezes, fazem “pit stop” no banheiro, junto ao box do chuveiro. Relaxam, apenas, à noite, sumidas sob a cama.
- A pior causa a defender é a do guarda-chuva, se é que você se incomoda com ele. Largado entre nós por tempo infindável, sem movimentação. Seguro pelo pescoço, quase degolado. Não chovia no inÃcio de março, quando esta situação começou.
Arrematou a calça:
- Você fala, hein?
- Bem, o que ocorre não é brinquedo, com certeza! Foi feita uma besteira grossa. O nosso dono está de tornozeleira eletrônica? Reparou? Por via das dúvidas, a gente não sabe de nada, ouviu? Somos inocentes!
= Alfredo Domingos = (atualização, em 20/09/2023, de texto de 04/05/2020)
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