sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Divagação, saudação

Fonte da imagem: fotografia do autor

Chuva fina.
Escondi-me debaixo da marquise.
Peguei o material de escrita, que carregava. 
E para distrair a tensão e a tristeza, passei a escrever.
Divagação!

Pátio do Cemitério de Irajá, no Rio de Janeiro.
Sepultamento de Maria Aparecida, a Pia.
Em 13 de setembro de 2012.
Ali, eu não conhecia alguém.
Com ela própria, perdi contato há algum tempo.
Prima, que cedo saiu pro mundo.
O furgão preto estacionou.
Esperei vir alma conhecida. Veio.
Perguntei. Era ela mesma, no momento derradeiro.
Ponto final na escrevinhação, e fui.
Florar. Florei.
Rezar. Rezei.
Despedir. Despedi.
Saudação!
Tchau, Pia!

Na verdade, tudo é incógnita.
De nada sabemos.
Temos a pretensão de conhecer, apenas.
A cada dia, surge uma novidade.
As coisas acontecem não ao acaso.
Mas elas aparecem, assim, do nada. Ou será do tudo?
As portas são abertas para permitir a passagem.
Do que for. Para o que for.
Todos os instantes revelam um “Ah!”
Seja de alegria ou de tristeza.
É questão de ter exclamação ou não.
O grande barato é bem conduzir a nossa reação.
Não importa de qual forma ela venha.
A ordem das estrelas é aguentar firme.
Não é prioridade entender o que se passa.

Alfredo Domingos

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