segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

De mãos dadas


O gesto de segurar a mão do outro é tão grande quanto o oceano. Sinal de encontro numa imensidão. O amor, enfim, quando bem estabelecido, some no horizonte, ocupa espaço sem fim. A imagem do texto apresenta isso, perfeitamente. Não deixa dúvida. O quê levou o casal a escolher a beira do mar? Perpetuar a união com a presença de belo cenário? Ou nada mais do que uma fotografia publicitária?

Nunca saberemos...

Arrisco-me, no entanto, a dizer que foi proposital, e emocional! Busco o viés romântico, onde o amor é assistido pelo oceano “inteiro”. Muito ao contrário do que um dia Caymmi compôs: “É doce morrer no mar”. Desculpe-me o mestre, mas tenho razão! É dulcíssimo viver e amar à beira d’água.

Bela composição, sob a proteção de Iemanjá! Mesmo numa imagem em preto e branco. E pelo aspecto, fazia algum frio, hein! Não foi capturado um verão quente e ensolarado. Os personagens estavam de abrigo. Ou, perguntando outra vez, houve a necessidade de a produção inserir a elegância que os trajes de inverno acrescentam?

Vai saber...

Mãos dadas são o máximo! Ação somente superada pelo beijo. Este, sim, é inapelável! Não há explicação para explicá-lo. É o mais alto grau de uma relação, dentro do universo daquilo que pode ser mostrado.

Notemos, contudo, que a cena é cerimoniosa. As pessoas não se agarram. E as cadeiras um pouco afastadas. Os braços estendidos, dando distância, implicam amor iniciante ou ideia de fraternidade, apenas.

Ficarei injuriado, caso esta última percepção seja confirmada. Não! Não me conformo.

Darei solução: as mãos dadas, folgadas, foram o início do posicionamento. O fotógrafo clicou sem querer. Estava ajustando a máquina. O casal ainda se aproximaria. O homem daria um abraço apertado, um chega pra cá! Depois, viria o beijo, e assim prosseguiriam as coisas.

O parágrafo aí de cima concluiu situação bem melhor, assim penso.

- Fotógrafo, meu filho, altere a cena.

O mar merece companhia mais enternecida. Em vez de “O meu sangue ferve por você” (cantado por Magal), faça com que o mar ferva pelo amor abrasador dos dois.

Alfredo Domingos

2 comentários:

  1. Há vários momentos de um casal. Momentos românticos, momentos reflexivos... Eu me identifico com a cena da foto, quando eu vou com minha esposa e filhos à praia e, reflexivo, de mãos dadas a ela, contemplo a obra maravilhosa de Deus diante de mim...
    Eu me sinto abençoado, feliz por ter minha família ali comigo, brincando um com o outro, na areia. Mas aquele oceano incrível, aquelas ondas majestosas e o céu, que mais parece uma pintura aquarelada de Deus, estas coisas me causam uma perplexidade única de me sentir um grão de areia em meio àquela imensidão. E nesse misto de sentimentos me pergunto: porque Deus olha pra mim, mesmo eu sendo tão pequenino como este grão?
    Como diz Alfredo, vai saber...

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  2. Diego,
    Obrigado pela leitura e pelo comentário. Considero o mar obra de Deus, entre outras tantas. Nós somos obra de Deus!
    O seu comentário traz a família para a praia, colocando movimento e alegria. Não somos pequenos. Somos grandes, pelos nossos feitos e perante a Deus. Ele nos reconhece como importantes, únicos e seus filhos. Dá provas disso, a cada dia, zelando, indicando o caminho correto, fazendo surpresas, etc.
    Fique bem, amigo!
    Alfredo Domingos

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