domingo, 12 de abril de 2015

É trem, é trilho...


Estação inicial
Estou no Metrô Rio.
Os “tipos” vão chegando
São seres isolados fazendo a massa.
A lufa-lufa começa cedo e vai até tarde da noite. É o vai e vem febril.
O condutor se apresenta tal e qual comandante de aeronave.
Sai o trem.
É trem, é trilho...
Barulho interno. São vozes.
Lá fora o som é abafado.
A escuridão vai sendo rompida.
O interior é iluminado.
Todos carregam alguma coisa
São mochilas
Bolsas femininas
Pastas de documentos. Embrulhos.
É trem, é trilho...
Estações várias. Tantos nomes
Há nome de praça, bairro, rua, presidente. Tantos.
Para na Central. Lota em direção à Zona Sul.
É trem, é trilho...
Gente sussurrando. Gente falando alto.
Olhares distantes. Olhares atentos, curiosos.
Casal apaixonado. Olhos nos olhos. Testas encostadas.
Tem jornal aberto. Há quem de soslaio leia as notícias.
Gentileza não falta. Alguém segura pertences dos outros.
Moço fica de pé. Aí, o velho senta.
É trem, é trilho...
Casacos vestidos. Nas costas. Nas mãos.
Vejo sandália. Tênis é o que mais vejo.
É trem, é trilho...
As cabeças fervem. Essas não sossegam, mesmo com os olhos fechados.
Desemprego. Pressa. Paixão. Ciúme. Raiva. Tarefa. Alegria. Tudo ali!
Estou saindo. É preciso.
E a viagem prossegue, levando gente!
É trem, é trilho, é lata...

Alfredo Domingos

Nenhum comentário:

Postar um comentário