Perguntaram, outro dia, sobre o
que eu achava adequado dizer. Fulano corre risco de vida ou de morte?
Os meios de comunicação, TV,
rádios e jornais, adotam as duas formas, com leve predominância, ultimamente,
para fazer a morte correr risco. Não sei se confundem ou se consideram que
tanto faz.
Nas indústrias, principalmente, a
famosa placa indicando PERIGO, com a caveira e os dois ossos, alerta para o RISCO
DE MORTE. Apavorante, assim!
Sacudi a cabeça de cá pra lá e de
lá pra cá, e resolvi, por minha conta e risco (este risco não é de vida nem de
morte), que o plausível é dizer "Fulano corre risco de vida".
Dou a explicação: a vida é que
pode ser abatida ou abalada por vários motivos - negligência, imperícia,
imprudência, falta de sorte, doença, etc.
Nas entrelinhas, fica entendido
que algo (a vida) será perdido e faltará para sempre.
A morte, por sua vez, não oscila
nem é ameaçada. Ela fica ali, parada, sinistra, esperando o vacilo da vida para
aniquilá-la. A não ser que consideremos que há o risco de a morte vir a
ocorrer, o que requer muita estripulia mental.
De toda forma, pobre vida,
agourenta morte!
Alfredo Domingos
Eu defendo "risco de morte"!
ResponderExcluirDiego.
Particularmente, sempre achei mais lógico dizer "risco de morte", apesar da clara omissão em "risco de [perder a] vida". Lembro-me de um professor da faculdade dizendo: "é lógico que o correto é 'risco de morte', pois significa risco de morrer". Depois disso, adotei essa forma como a única possível, e, toda vez que alguém fala "risco de vida", faço aquela correção mental básica de todo diplomado em Letras: "é 'risco de morte', meu querido!".
ResponderExcluirEntretanto, ao ler o seu post, a dúvida ressurgiu, e me pus a pensar que talvez não haja um certo e outro errado. Digo isso porque, depois de uma rápida pesquisa, constatei que são muitas as pessoas entendedoras de língua portuguesa que ainda se questionam a respeito do uso dessas expressões e que acabam concluindo que as duas formas são aceitáveis.
Interpretando o seu texto, percebo que existe uma forte subjetividade permeando essa questão, e o sentido atribuído vai muito além das regras e normas da nossa língua. Dito isso, passo a crer que há certa repulsa em "risco de morte", uma vez que ela soa mais fria e inexorável, algo que "risco de vida" parece suavizar.
Sendo assim, junto-me aqueles que afirmam a dupla possibilidade de uso e sentido, e que fica a critério do falante escolher que peso deseja dar a sua afirmação. Cada vez mais sensacionalista, talvez seja esse o motivo de a mídia optar pelo "risco de morte", nessa dura militância de passar uma notícia como ela é, sem meias palavras.
Deixo como sugestão de leitura o texto do professor Evanildo Bechara sobre esse assunto: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=12725&sid=791
Apenas por uma questão de preferência, mantenho a minha opção pelo "risco/ perigo de morte".
Aline.
Prezada Aline,
ExcluirInicialmente, agradeço a participação aqui conosco. Você deu excelente contribuição, não defendendo inapelavelmente uma expressão, mas discutindo as duas, oferecendo ideias e sugerindo a leitura do texto do Prof. Bechara, mesmo que ao final tenha exposto a sua predileção. Entendo que desta forma é construído um blog, com interatividade e conteúdo. Abraço, Alfredo Domingos.