terça-feira, 14 de abril de 2015

Risco do quê?

Perguntaram, outro dia, sobre o que eu achava adequado dizer. Fulano corre risco de vida ou de morte?

Os meios de comunicação, TV, rádios e jornais, adotam as duas formas, com leve predominância, ultimamente, para fazer a morte correr risco. Não sei se confundem ou se consideram que tanto faz.

Nas indústrias, principalmente, a famosa placa indicando PERIGO, com a caveira e os dois ossos, alerta para o RISCO DE MORTE. Apavorante, assim!

Sacudi a cabeça de cá pra lá e de lá pra cá, e resolvi, por minha conta e risco (este risco não é de vida nem de morte), que o plausível é dizer "Fulano corre risco de vida".

Dou a explicação: a vida é que pode ser abatida ou abalada por vários motivos - negligência, imperícia, imprudência, falta de sorte, doença, etc.

Nas entrelinhas, fica entendido que algo (a vida) será perdido e faltará para sempre.

A morte, por sua vez, não oscila nem é ameaçada. Ela fica ali, parada, sinistra, esperando o vacilo da vida para aniquilá-la. A não ser que consideremos que há o risco de a morte vir a ocorrer, o que requer muita estripulia mental. 

De toda forma, pobre vida, agourenta morte!
 
Alfredo Domingos

3 comentários:

  1. Eu defendo "risco de morte"!
    Diego.

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  2. Particularmente, sempre achei mais lógico dizer "risco de morte", apesar da clara omissão em "risco de [perder a] vida". Lembro-me de um professor da faculdade dizendo: "é lógico que o correto é 'risco de morte', pois significa risco de morrer". Depois disso, adotei essa forma como a única possível, e, toda vez que alguém fala "risco de vida", faço aquela correção mental básica de todo diplomado em Letras: "é 'risco de morte', meu querido!".
    Entretanto, ao ler o seu post, a dúvida ressurgiu, e me pus a pensar que talvez não haja um certo e outro errado. Digo isso porque, depois de uma rápida pesquisa, constatei que são muitas as pessoas entendedoras de língua portuguesa que ainda se questionam a respeito do uso dessas expressões e que acabam concluindo que as duas formas são aceitáveis.
    Interpretando o seu texto, percebo que existe uma forte subjetividade permeando essa questão, e o sentido atribuído vai muito além das regras e normas da nossa língua. Dito isso, passo a crer que há certa repulsa em "risco de morte", uma vez que ela soa mais fria e inexorável, algo que "risco de vida" parece suavizar.
    Sendo assim, junto-me aqueles que afirmam a dupla possibilidade de uso e sentido, e que fica a critério do falante escolher que peso deseja dar a sua afirmação. Cada vez mais sensacionalista, talvez seja esse o motivo de a mídia optar pelo "risco de morte", nessa dura militância de passar uma notícia como ela é, sem meias palavras.
    Deixo como sugestão de leitura o texto do professor Evanildo Bechara sobre esse assunto: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=12725&sid=791
    Apenas por uma questão de preferência, mantenho a minha opção pelo "risco/ perigo de morte".

    Aline.

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    1. Prezada Aline,
      Inicialmente, agradeço a participação aqui conosco. Você deu excelente contribuição, não defendendo inapelavelmente uma expressão, mas discutindo as duas, oferecendo ideias e sugerindo a leitura do texto do Prof. Bechara, mesmo que ao final tenha exposto a sua predileção. Entendo que desta forma é construído um blog, com interatividade e conteúdo. Abraço, Alfredo Domingos.

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