Em 11 de
novembro do ano passado, listei em uma folha de post-it quatro tarefas (chamei-as de pendências) atribuídas a mim,
consideradas quase impossíveis, que virariam, num estalo, um desafio para o cumprimento. Grandiosas montanhas a escalar.
Foram
submetidos à relação grandes empreendimentos aos quais eu teria de devotar
engenhosidade, esforço e tempo. Em outras palavras, coloquei a minha própria
cabeça a prêmio.
No meio
deles, estão, ao menos, dois, que são coisas de uma vida, como se eu tivesse de
plantar uma árvore, fazer um filho, ou algo significativo assim.
Em fevereiro,
escrevi a lápis, em letra miúda, o seguinte lembrete: “por enquanto, nada!”
(foi um aviso, apenas)
Podem
perguntar-me se está havendo falta de empenho, que usarei um grandessíssimo
“não” como resposta. Na batalha em chegar lá, suo o bigode, caso fosse dono de
um, a cada dia. Insistir é comigo, não deixo pra outrem.
Quando
considerei que havia pela frente pendências, enganei-me rotundamente. Pendência
é passageira, dá a ideia de acessório, de coisa de somenos importância, o que,
positivamente, não exprime a realidade das minhas fainas.
Neste dia de abril,
verifico que não consegui colocar gaivota de conclusão de eventos em qualquer
deles. Ainda estou pelejando. Terrível fadário o meu! Sem considerar que a
Páscoa está chegando e que tenho comigo a imposição de cumprir obrigações até a
ressurreição do Senhor; sempre pensei assim, ou no máximo o prazo se estende
até o Natal. Mas esta última data ainda está longe. Será que ficarei empatado
por tanto tempo?
Matutando,
cheguei à conclusão de que a vida não encontra leito nos grandes
acontecimentos. Não é a toda hora que se perde emprego, muito menos vivemos a
ter a casa incendiada. Os infortúnios de monta são escassos, graças a Deus!
A vida é
coalhada de miudezas. A torneira que pinga. As contas para pagar. A condução
que atrasa. O salário para esticar. O banho para tomar. As unhas para cortar. E
assim são múltiplas e constantes as imediatidades.
Então, essas
tais coisas a dar cabo, da minha lista, talvez não sejam tão imprescindíveis,
tampouco imediatas. A obrigação de resolvê-las não deve ameaçar a minha
tranquilidade. Calma, devo dizer a mim mesmo!
Igualmente a
um urso que hiberna, posso deixar a lista no canto, a repousar. Não preciso
estar com faca às costas, cobrando-me solução. De vez em quando, lembrar-me
dela não faz mal, serve de estímulo a algum movimento positivo, quem sabe?!
Ou, pensando
melhor, a saída esteja em reformular a lista, hein???
Alfredo
Domingos
Nenhum comentário:
Postar um comentário